Mini-Crônica – O povo brasileiro está afundando – 18.05.2011

            Acompanhei, não com assiduidade, as votações no parlamento sobre tal de “Cadastro Positivo”, uma medida provisória, mas que oriunda de um projeto de lei de autoria do ex-senador Tourinho, da Bahia, que era perfeito no seu todo. Fora aprovado por unanimidade, mas no dia 31.12.2010 o presidente Lula o vetou, todavia, emitiu na mesma hora outra MP com o mesmo teor, isso somente para tirar o mérito daquele senador da boa terra, que era do atual DEM. Pura covardia, a meu entender.

            Essa novidade, própria de quem não tem o que fazer, gerou discussões e mais confusões, até que foi aprovada no dia 17 próximo passado, embora com votos contrários de alguns gatos pingados da oposição, que nesta legislatura está reduzida a zero.

            O negócio é o seguinte, resumindo, quem pagar compromissos em dia, normalmente em bancos, que são os maiores emprestadores de dinheiro, terá, a seu critério, o nome incluído no Cadastro Positivo, isso com a facilidade de efetuar novas compras sem sequer ser verificada a sua situação atual de cliente bom, de primeira ordem. Mas o sujeito que pagava em dia pode, numa eventualidade ou mesmo numa situação difícil, começar a atrasar seus compromissos e daí já não mais merecer estar na relação dos melhores. Coisa sem sentido, tudo pra complicar. Ora, cada banco ou empresa que venda a crédito tem o cadastro de seus clientes e quando eles atrasam fica uma anotação na pertinente ficha, já se sabe que não é bom pagador, e pra que cadastro positivo? Está parecendo com aquele negócio da ficha limpa, que não deu em nada, pois os sujos é que estão aí mandando brasa...

            Pra começo de conversa, aqui no Brasil só quem paga dívida é pobre ou remediado. Os ricos, as grandes empresas chutam as dívidas para frente, prorrogam ou tomam um empréstimo maior para quitar a vencida, e então fica dando a impressão de que a liquidez está a cem por cento. E isso está me cheirando que é apenas para ajudar gente graúda, justamente àquela que “esquece” de cumprir os contratos de pagamento com pontualidade. Clientes do governo em sua grande maioria. Contudo, para que todos saibam quem mais atrasa compromissos com a clientela e o povo em geral é justamente o governo, que não paga nem precatório, coisa julgada pela justiça, que virou lei. Isso nos pode dar a impressão de que temos um STF combalido, sem forças, quase que desmoralizado pelo próprio executivo, embora composto de ministros de boa índole.

            Dizem que vai beneficiar aos pobres. Pura mentira, pois estes já estão encalacrados no tal empréstimo consignado e nunca o deixam de pagar, pois é vencendo um e tomando logo outro para quitar o atrasado. Isso é próprio quando o salário-mínimo aumenta, pois o teto do empréstimo também se eleva. Há bancos que financiam a liquidação de contas em outros, fornecendo uma operação maior e ainda sobra troco para o pobre coitado, que jamais sairá dessa bola de neve que se está formando no seio da população brasileira. Logo, claro, esses já estariam, por obrigação, no cadastro positivo. Mas o que atrasar a prestação da máquina de costura, da geladeira e da TV logo serão taxados de maus pagadores como atualmente.

            Sabe gente, tem empresa de crédito fazendo propaganda que empresta a aposentados, pensionistas e empregados públicos mesmo que estejam negativados... Então pra que essa bobagem de cadastro positivo?

            Um dado que preocupa, sobremaneira é que setenta milhões de brasileiros estão endividados, em média em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) cada um, e o maior credor é a rede bancária que pratica o crédito para pagamento com salário/pensão/aposentadoria. Já vem no contracheque devidamente descontado, quitado, não sobra nada nem para comer nem para sustentar a filharada.

            Solução: Continuar votando no Partido dos Trabalhadores, que tem a química de como aumentar patrimônio, deles é claro, vinte vezes em apenas quatro anos, não agravando a todos.

            Vou ficando por aqui. Até a próxima.

Ansilgus

Em revisão.

Foto: Luxuosa sede do BACEN em Brasília.