Dores do recomeço

Amargurado, limpando os vestígios do próprio abandono. A face ainda repleta de lama, os olhos apertados e úmidos e o espírito tão cansado. Alguns quilos a mais, garrafas vazias, o sono atrasado e tantos vícios a perder. E há quem diga que recomeçar é uma simples tarefa! Talvez seja o cinema o responsável por internalizar em nossos subconscientes essa visão de suprema glória relacionada ao ato de recomeçar. Afinal, é quase incontável o número de ficções onde o protagonista reergue-se, rapidamente, de maneira triunfal, quase que auxiliado em tudo pelo destino. Todavia, colocando-se de lado os holofotes e o glamour encontrado nos roteiros das super produções essa não é a realidade mais frequente de encontrarmos. Fato é que muitos ao tomarem a decisão de recomeçar ainda encontram-se bem próximos do chão, atormentados, destilando suas antigas angústias.

Para alguns recomeçar é reunir símbolos religiosos e travar um combate justo consigo mesmo. Às vezes, recomeçar também é abandonar-se, revestir-se de novos valores para seguir em frente. Recomeçar é dar a luz ao novo e aceitar de bom grado as dores deste parto! Precisamos ficar atentos, meus caros leitores, nem sempre o que determina a mudança é à força dos anseios dos novos pensamentos. Muitas vezes, a caminhada só nos conduz a algo sublime através das dores, não as antigas que tivemos, mas as novas que escolhemos. As dores do recomeço igualam-se ao pedágio que precisamos pagar nas vias expressas! São penitências que nos impõem para que possamos nos adaptar a estrada, geralmente, representam um grande teste a paciência. Recomeçar libertar-se, é refletir, é romper mesmo que os dentes os grilhões que nos atém ao passado. Por isso, pague o pedágio, dê a luz ao novo, rompa os grilhões e lembre-se sempre que após isso sempre é possível ir ao dentista! Desejar o recomeço é o caminho da cura!

Buendia
Enviado por Buendia em 20/05/2011
Código do texto: T2982066
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