APENAS SEGUE...

Na tarde fria de outono quase inverno, as cores pintam o infinito de nuances e estrelas que se entrecortam e enfeitam a alma em fuga após mais /menos um dia de luta.

O vento úmido carrega lembranças e dessaruma os cabelos e os pensamentos lucidamente insanos e em frações de segundos os tempos verbais traduzidos em dias/meses/anos já não fazem diferença

entre passado/presente/futuro.

A tarde que chega ao fim já de mãos dadas com a noite que vai nascendo e deixando á mostra uma linda e gesta lua no céu. Plena de luz,plena de brilho, rainha absoluta cercada de súditos brilhantes,cascalhos de diamantes a enfeitar as vestes do firmamento.

Mas a vida vai seguindo, passa depressa,batida/abatida e se ora

vai se perdendo,ora se encontra ainda que em frangalhos de recordações de uma imagem distante do que já foi, ou que sabe em uma simples sentença de saudade do que teria sido. Se fosse...

Uma lágrima derradeira de saudade, primeira dama da solidão,rola de um silencioso recanto remoto da alma deixando um sabor amargo na boca e os olhos se transbordam tal cálices displicentemente cheios.

...Cheios de abandono.

Mas a vida segue de forma aflita/conflituada,fazendo da alma uma verdadeira salada de cores/flores/frutas/sabores/dores e sons muitas vezes emudecidos por acordes de disabores.

Caminha pela noite agora instalada e absoluta, com uma sensação de que perdeu algo que não sabe e talvez nunca saiba o que.

Apenas segue o rumo/passo/descompasso/traço,rascunho de um ato/fato que rabiscou em um canto de guardanapo em uma mesa qualquer de bar, entre um gole e um furtivo olhar ao redor, buscando quem sabe (re)encontrar um pouco de si que se perdeu no tempo/espaço, ou quem sabe até,quem poderá saber, nunca tenha lhe pertencencido a si mesma por inteiro...

Mas o tempo urge e não tarda a madrugada surge avisando de maneira displicente que já é chegada a hora de sonhar (in)sensatamente para que possa acordar e enfrentar a realidade de mais um dia que certamente vai misturas ontens,hojes e amanhãs,tal qual uma mistura de bolo, que não se sabe se irá dar certo ou apenas se desfazer sem ter acontecido.

Quem sabe do hoje, quanto mais do amanhã.

Quem sabe explicar a vida de maneira sã ?

Já não faz diferença, afinal a ordem dos fatores não altera o resultado de uma vida que se despe/despede/despista e tenta se refazer após cada desfazimento cotidiano.

Apenas segue sorrindo, afinal ninguém precisa conhecer a sua dor.

20/05/2011.

Márcia Barcelos.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 20/05/2011
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