O NASCIMENTO DE UMA PAIXÃO

NASCIMENTO DE UMA PAIXÃO

A casa de meu avô Bié, em Assis, ficava há quatro quarteirões do estádio de futebol da Associação Ferroviária de Assis. Aos domingos era caminho para levas de torcedores que iam assistir os jogos do time da cidade , passando por nossa porta. Ocasionalmente eu ia até o campo para ver algum jogo. Numa dessas vezes, com seis anos, vi um jogo que marcou para sempre a minha vida... a Ferroviária de Assis enfrentava um time da capital, de calções pretos e camisas brancas , chamado “Sport Clube Corinthians Paulista”. O malabarismo de seus jogadores encantava a platéia que nem torcia, apenas assistia. Num lance, um jogador baixinho e franzino, pegando a bola na área do Corinthians, driblou todo o time de Assis em direção ao gol da Ferroviária. Chegando na frente do goleiro... voltou driblando todos novamente e devolveu a bola ao goleiro corintiano. O estádio explodiu em palmas e meu coração foi conquistado para sempre pela exibição de Luizinho – Luiz Trujillo, meia esquerda do time que seria histórico como Campeão do IV Centenário de São Paulo três anos depois: Cabeção, Homero e Olavo, Idário, Goiano e Roberto, Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Nonô. Contando o que havia visto para meu pai e já corintiano, ouvi dele uma frase que hoje consigo entender:- “Bem, se você vai ser corintiano, eu serei sampaulino, pois assim poderemos discutir quando nossos times jogarem...”. Ele nunca assistia ou ao menos ouvia futebol, salvo nas Copas do Mundo. Quando se tocava no assunto, ele, fingindo-se de entendido, resmungava dando a dica para a discussão: - “é... nossos times vão mal...” Sua torcida pelo São Paulo Futebol Clube fez de meu irmão um sampaulino bissexto como o pai...

Domingos Bellusci
Enviado por Domingos Bellusci em 19/05/2011
Código do texto: T2980125
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