Li no jornal de hoje crônica de Cora Rónai, que faz excelente exercício de raciocínio para desvendar o que realmente aconteceu no quarto do Hotel, em Nova York, entre o Diretor do FMI e a camareira. Ressaltou muito bem a jornalista que, sendo verdade a acusação, com a prisão do Diretor francês, é um sinal evidente de um progresso civilizatório. E todos nós aplaudimos este avanço da humanidade. Mas vamos, agora, analisar o mesmo caso, pelo seu lado jocoso.
Sérias dúvidas começam a surgir e, como vivemos a época das fraudes, também é possível que esteja havendo conspiração contra o tal Diretor, por motivos políticos, etc. e tal.
Aproveitando o gancho da inteligente jornalista, passo a lamentar não existir mais um Sherlock Holmes para desvendar o caso, com aquela elegância e clarividência do famoso detetive inglês.
Digo isso porque tendo atuado profissionalmente na área criminal , cheguei a conhecer um famoso detetive carioca, o Warwar, que era o nosso Sherlock Holmes. Aproveito para homenageá-lo. Ele me dizia que um simples detalhe elucida um crime. E o nosso Warwar, especialista em crimes de homicídio, desvendou inúmeros homicídios famosos com a sua alta perspicácia.
Pois bem: aproveitando a narração de Cora Rónai, que apontou um pequeno detalhe, que o amigo leitor tomará conhecimento a seguir, vamos imaginar a situação e o sensacional deslinde do crime.
Cena do crime: o Diretor acaba de sair do banho, completamente nu e se depara com a camareira dentro do seu quarto. Ele se preparava para viajar para sua terra natal. Teria ocorrido, aproveitando as circunstâncias, o estupro da camareira.
É neste ponto que a investigação do Sherlock Holmes elucidaria, tecnicamente, o suposto crime.
O afamado detetive diria que teria sido impossível o crime de estupro, por um mínimo detalhe: o Diretor do FMI é francês e um francês jamais tomaria um banho para retornar à sua casa. Coincidiria, assim, com a tese levantada pela nossa jornalista, e com a maioria dos franceses, que afirmam ser um complô contra o Diretor. Talvez, pelo detalhe do banho...
Porém, tenho certeza que o Warwar, com a malandragem carioca, daria diagnóstico oposto, sabedor de que o francês tem um estilo de mulherengo diferente do estereótipo do amante latino, mais próximo do “chimpanzé no cio”, fato relatado por uma jornalista e que não teve vergonha de dizer publicamente: “ tive que repeli-lo com unhas e dentes”.
Os detalhes têm que se encaixar e o nosso Detetive superaria a análise do Sherlock, afirmando peremptoriamente: Houve o estupro, pois o macaco, oriundo da África, por questões atávicas, atacaria qualquer uma que entrasse desavisadamente no seu território . Dirão alguns: mas isso é um detalhe grosseiro. Por isso mesmo, amigos, esse detalhe grosseiro é que explica o absurdo do acontecimento. Agora, sim, tudo se encaixaria. E a pista falsa da tradicional falta de banho do francês cairia por terra.
No terreno das hipóteses, teria havido, sim, o estupro. Elementar, caros leitores! .