Joseph devém José Comblin
Há pessoas que aventuram fazer história longe das suas raízes. Assim fez Joseph Comblin. Desde jovem, demonstrava inventiva inquietude. Quieto era, pouco falava. Mas, silencioso, estudioso, pensava longe, vocacionado que era a semear palavras de peso, profundas, velozes, impactantes e proféticas. Essa inquietação o retirou do seu berço, a Bélgica, de onde vieram intelectuais, seus conterrâneos, docentes do Seminário Arquidiocesano e das nossas Universidades. Na década de 50, conjecturaram enviar à América Latina “sacerdotes para salvar este continente do comunismo”. Porém, já perseguido em 1967, ressalvou Comblin: “Vim para combater o comunismo e hoje me chamam de comunista...”. Enfim, sem esse intuito, além de Comblin, para aqui vieram: Maurice Van Woensel, José Vanhoenacker (também ex-Maestro da OSPB), Paulo Koelen (in memoriam) e (convivendo conosco) René Vandezande e Eduardo Hoornaert. Segundo J. Honório Rodrigues, na casa de José Octávio Arruda de Mello, Prof Eduardo é um dos maiores historiadores da Igreja do Brasil. Neste sentido, destaque-se Comblin também como exímio investigador de abordagens científicas sobre o catolicismo no Brasil.
Comblin partiu da velha Europa com o desejo de construir onde ainda pouco se havia construído. Sobretudo, correr mundo como o apóstolo Paulo de Tarso e estender aos mais necessitados sua mão, suas palavras corajosas, que fundamentam a tese, lida em Comblin pelo Prof. Rui Gomes Dantas: “a opção pelos pobres” é mandato evangélico, consequentemente, lugar teológico por excelência.
José Comblin escondia, na simplicidade, extenso e consistente cabedal de conhecimentos enquanto erudito; enquanto filósofo, fonte de ricas e cristalinas ideias. Quando o convidei, a pedido do Prof. Jackson Carvalho, para palestrar, na APF, sobre Aspectos Filosóficos da Atualidade, ele foi peremptório: - “Não sou filósofo, talvez sociólogo ou modesto teólogo”. Contudo, conferenciou, com muita filosofia, sobre “Mudanças sociopolíticas da atualidade”. Inteligência de refinada ironia. Em 1966, Martinho Salgado organizou, no Seminário Regional do Nordeste, um debate entre Comblin e o Padre Nércio Rodrigues, sobre um tema, se não extravagante, insólito e inusitado: “A Teologia no Jogo do Bicho”, sugestão da premissa de que Deus está presente em tudo... Comblin aceitou o desafio. Concluindo sua parte, o outro debatedor aparteou: “Discordo 70% do que foi exposto por Comblin”. De pronto, com muita calma, ironizou Comblin: “Então, vamos debater os 30% que restaram...” Hoje, em Arara, na Casa da Caridade, ao lado do túmulo do Padre Ibiapina, ele se fez adubo no interior da Paraíba, na terra onde lançou sementes do seu alforje que exitosamente germinaram. Cabe-nos cultivar suas árvores, distribuir seus frutos e replantar sementes que, antes de serem de José Comblin, são do Semeador da Boa Nova.
Há pessoas que aventuram fazer história longe das suas raízes. Assim fez Joseph Comblin. Desde jovem, demonstrava inventiva inquietude. Quieto era, pouco falava. Mas, silencioso, estudioso, pensava longe, vocacionado que era a semear palavras de peso, profundas, velozes, impactantes e proféticas. Essa inquietação o retirou do seu berço, a Bélgica, de onde vieram intelectuais, seus conterrâneos, docentes do Seminário Arquidiocesano e das nossas Universidades. Na década de 50, conjecturaram enviar à América Latina “sacerdotes para salvar este continente do comunismo”. Porém, já perseguido em 1967, ressalvou Comblin: “Vim para combater o comunismo e hoje me chamam de comunista...”. Enfim, sem esse intuito, além de Comblin, para aqui vieram: Maurice Van Woensel, José Vanhoenacker (também ex-Maestro da OSPB), Paulo Koelen (in memoriam) e (convivendo conosco) René Vandezande e Eduardo Hoornaert. Segundo J. Honório Rodrigues, na casa de José Octávio Arruda de Mello, Prof Eduardo é um dos maiores historiadores da Igreja do Brasil. Neste sentido, destaque-se Comblin também como exímio investigador de abordagens científicas sobre o catolicismo no Brasil.
Comblin partiu da velha Europa com o desejo de construir onde ainda pouco se havia construído. Sobretudo, correr mundo como o apóstolo Paulo de Tarso e estender aos mais necessitados sua mão, suas palavras corajosas, que fundamentam a tese, lida em Comblin pelo Prof. Rui Gomes Dantas: “a opção pelos pobres” é mandato evangélico, consequentemente, lugar teológico por excelência.
José Comblin escondia, na simplicidade, extenso e consistente cabedal de conhecimentos enquanto erudito; enquanto filósofo, fonte de ricas e cristalinas ideias. Quando o convidei, a pedido do Prof. Jackson Carvalho, para palestrar, na APF, sobre Aspectos Filosóficos da Atualidade, ele foi peremptório: - “Não sou filósofo, talvez sociólogo ou modesto teólogo”. Contudo, conferenciou, com muita filosofia, sobre “Mudanças sociopolíticas da atualidade”. Inteligência de refinada ironia. Em 1966, Martinho Salgado organizou, no Seminário Regional do Nordeste, um debate entre Comblin e o Padre Nércio Rodrigues, sobre um tema, se não extravagante, insólito e inusitado: “A Teologia no Jogo do Bicho”, sugestão da premissa de que Deus está presente em tudo... Comblin aceitou o desafio. Concluindo sua parte, o outro debatedor aparteou: “Discordo 70% do que foi exposto por Comblin”. De pronto, com muita calma, ironizou Comblin: “Então, vamos debater os 30% que restaram...” Hoje, em Arara, na Casa da Caridade, ao lado do túmulo do Padre Ibiapina, ele se fez adubo no interior da Paraíba, na terra onde lançou sementes do seu alforje que exitosamente germinaram. Cabe-nos cultivar suas árvores, distribuir seus frutos e replantar sementes que, antes de serem de José Comblin, são do Semeador da Boa Nova.