A morte da infância
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...quando alguma coisa me irrita demais, procuro contar até 10 para me acalmar.
Explico, o que me irrita é presenciar um tipo de crime que vêm ocorrendo e que a maioria das pessoas não se dá conta: é a banalização da infância.
As mães estão fantasiando suas filhas, crianças com menos de 10 anos de idade, de mulheres. Menininhas que deveriam estar brincando de bonecas, desfilam por aí com bota de salto alto, aplique no cabelo, e, pasmem, usando unha e cílios postiços, pois eu mesma já vi!
Andam com saias curtíssimas, falam e gesticulam como se fossem adultas. O resultado disso é trágico, podem ter certeza!
Essa maturidade precoce patrocinada por mães imaturas provoca uma ruptura nas fases de desenvolvimento da criança; existem fases de desenvolvimento, que precisam ser respeitadas, para não gerar conflitos psicológicos graves.
Mas não, as mãezinhas “cabeça oca” levam suas crianças para o salão de beleza, deixam-nas a vontade para pintar as unhas de vermelho, até maquiagem elas fazem; eu me pergunto onde foi parar a infância, aquela infância que durava até os catorze, quinze anos de idade?
Dá nojo quando vejo um bando de garotinhas (7,8,9 anos de idade) vestidas de modo vulgar, entrando no mundo do consumismo de maneira irresponsável.
Mas os pais que se preparem, principalmente você mãe, que incentiva sua filha a “andar na moda” com micro saias e sapatos de salto alto, se preparem, pois como diz o ditado “vem chumbo grosso por aí”.
Qualquer pessoa sabe que criança precisa brincar, precisa ser estimulada para a leitura, para o universo da fantasia e da imaginação, pois dessa maneira ela vai se tornar uma pessoa criativa, saudável, vai desenvolver seus princípios e inteligência própria.
Vi uma reportagem recentemente que mostrou a festa de aniversário de uma menina de 7 anos de idade, sabe o leitor o que ela pediu de presente? Uma tarde inteirinha no salão de beleza com as amiguinhas. E lá estavam elas, falando com trejeitos de adultas, se fantasiando de “perua”.
E a mãe orgulhosa, acompanhava por um vídeo a desenvoltura da filha, teve a coragem de dizer que isso faz bem para a auto-estima;
Auto-estima quem precisa é a mãe, que deposita suas frustrações e rugas na pele inocente da filha, uma criança, que se duvidar ainda faz xixi na cama. Isso é deprimente!
Recentemente a Disney lançou uma linha de sutiãs infantis com bojo, o sutiã está sendo comercializado pelas Lojas Pernambucanas!
Para a psicóloga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Luiza Bustamante, produtos deste tipo, com utilidade apenas para adultos, são altamente prejudiciais para a saúde mental das crianças. A sexualidade precoce é o fruto amargo que resulta dessa irresponsabilidade dos pais em incentivar o filho/filha a se vestir, a se sentir como adulto!
"Onde já se viu um sutiã que imita o seio das mulheres adultas? Não há necessidade de crianças de 6 anos usarem sutiã, muito menos com bojo. Trata-se de mais uma tentativa da indústria de ganhar dinheiro a qualquer preço. Sem se importar com a saúde das crianças", critica a psicóloga.
Criança deve se vestir como criança, sandálias melissinha, sola lisa e grudada no chão, usar trança com florinhas no cabelo, nada de batom, jóia, unha pintada, unha limpa, apenas.
Vestido de laçinho até o joelho, ler muito livro infantil, acreditar em Papai Noel até quando for possível. Rezar pro anjo do guarda antes de dormir, brincar, assumir responsabilidades, ter limites. Isso é ser uma criança saudável!
(Cassiane Schmidt)