RENDAS

À Rosa Helena Comparini Bonaccini

por sua competência, talento e amizade.

A blusa estava pronta sobre a cama, ela a via...

Comprara a renda delicada de cor lilás clarinha.

Pedira à sua fada madrinha, sua cunhada, e ela havia

feito. Elas gostavam de costurar juntas, uma cortava

a outra costurava... mas por uma força maior do des-

tino, elas não podiam mais se reunir para costurar, ha-

viam outras tarefas mais urgentes a desempenhar...

E cada uma tinha de seguir sua vida, costurar juntas

só muito de vez em quando, talvez uma vez ao mes, e

olhe lá...

Mas, não seria de graça, ela iria retribuir, e um presente

singelo a fada de volta, iria conseguir... Ela já estava pro-

videnciando uma toalha de lavabo: branca, com um bar-

rado de renda, daria de presente, uma simples retribui-

ção pela atenção da cunhada..

E ela pensava então naquele tecido, tão leve, tão bonito..

Do qual gostara sempre desde sua infância, lá em Piedade...

Lembrava-se de um vestido de sua irmã, Angela:

Era de renda vermelha, uma cor cereja..

Tinha uma gola tipo chale, e era tubinho, como se usava

na época dos anos sessenta..

Como ela ficava linda naquele vestido! E os

sapatos de verniz da mesma cor!

E agora a blusa ali estava, a moda das rendas

havia voltado.. E ela iria estreiar a blusa no

final da semana...

Que empatia ela sentia com aquela moda, com

toda a delicadeza de um tecido fluido assim...Como era

bom poder se enfeitar, e se sentir feminina, bonita, ale-

gre e serena...

Como é bom ser mulher,

enfim!

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 19/05/2011
Reeditado em 20/05/2011
Código do texto: T2979494
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.