RENDAS
À Rosa Helena Comparini Bonaccini
por sua competência, talento e amizade.
A blusa estava pronta sobre a cama, ela a via...
Comprara a renda delicada de cor lilás clarinha.
Pedira à sua fada madrinha, sua cunhada, e ela havia
feito. Elas gostavam de costurar juntas, uma cortava
a outra costurava... mas por uma força maior do des-
tino, elas não podiam mais se reunir para costurar, ha-
viam outras tarefas mais urgentes a desempenhar...
E cada uma tinha de seguir sua vida, costurar juntas
só muito de vez em quando, talvez uma vez ao mes, e
olhe lá...
Mas, não seria de graça, ela iria retribuir, e um presente
singelo a fada de volta, iria conseguir... Ela já estava pro-
videnciando uma toalha de lavabo: branca, com um bar-
rado de renda, daria de presente, uma simples retribui-
ção pela atenção da cunhada..
E ela pensava então naquele tecido, tão leve, tão bonito..
Do qual gostara sempre desde sua infância, lá em Piedade...
Lembrava-se de um vestido de sua irmã, Angela:
Era de renda vermelha, uma cor cereja..
Tinha uma gola tipo chale, e era tubinho, como se usava
na época dos anos sessenta..
Como ela ficava linda naquele vestido! E os
sapatos de verniz da mesma cor!
E agora a blusa ali estava, a moda das rendas
havia voltado.. E ela iria estreiar a blusa no
final da semana...
Que empatia ela sentia com aquela moda, com
toda a delicadeza de um tecido fluido assim...Como era
bom poder se enfeitar, e se sentir feminina, bonita, ale-
gre e serena...
Como é bom ser mulher,
enfim!