UMA VIAGEM SURREAL
Praticamente radicada no interior, cercada pela vegetação de Mata Atlântica, descubro que os ares marinhos estão a me faltar.
Decido, então, buscar a praia numa cidade do litoral Norte Fluminense, calma e aconchegante, com os confortos de cidade grande, mas, ainda, com as características de segurança que o interior permite.
Ansiosa e quase sem dormir, aguardo o táxi que me levará ao ponto de ônibus, rumo à brisa do mar.
Partiu às 06.30h/18 05.
Um roteiro quase turístico: foram-se duas horas e meia em estradas tortuosas, num “caixotinho” (denominação dada ao ônibus que roda por entre os distritos de municípios do interior). Desconforto total, além da falta de compromisso do motorista com os passageiros, uma vez que não se furtava a parar, conversar com pessoas que circulavam pelas estradas, sem qualquer respeito com os que estavam a ser conduzidos.
Meu bom humor, verdade, surpreendeu-me.
Num roteiro lógico, este percurso duraria 50 minutos.
E fui fazendo “turismo”, absolutamente conformada com a situação.
Chego ao destino, após três horas de viagem.
Não, não era destino ... havia uma baldeação.
Com pouca bagagem, mas cansada, tomo assento na segunda condução e peço ao motorista que me oriente quanto ao meu destino (do qual tinha alguma noção).
Outro padrão: ar refrigerado, funcionários uniformizados, limpeza impecável, mas desconhecimento total da região.
Quando percebi que a minha parada estava próxima (há mais ou menos uns 7 anos não visitava a tal cidade), dirigi-me ao condutor, que retrucou:
- Sua parada já passou!
Retorne, pegue uma van.
Assustada, desci no primeiro ponto.
Mas não sou tão desligada. Na calçada, percebi que não estava errada.
Mais informação:
- Sim, siga em frente. Logo ali ...
Que deveria seguir em frente eu sabia. O que desconhecia é que logo ali era além, muito além da imaginação.
Rendi-me ao táxi, que também desconhecia a cidade.
E eu, segurando o bom humor, cheguei ao meu destino: uma Pousada modesta, que da porta era uma festa, o mar e sua imensidão.
Mas a festa não estava completa, meu caro leitor.
Havia um senão: internet!
Meu modem, 3Geringoça tecnológica, uma carroça enferrujada. Internet emperrada, só clicando em atualização.
Senti saudades da roça, da Velox que não me faz troça e põe o mundo em minhas mãos.
Não se trata de propaganda, é fato que aqui desabafo,
Mas ...
Amanhã é um novo dia!
Que o meu bom humor se mantenha,
que, enfim, não me detenha,
face ao objetivo inicial:
nos cabelos um pouco de sal!
Rogoldoni
19 05 2011
Publicado na Antologia Poemas à Flor da Pele, CONTOS E CRÔNICAS, volume 1
Editora Somar de Porto Alegre
Evangraf, Porto Alegre, 2011
página 99
Praticamente radicada no interior, cercada pela vegetação de Mata Atlântica, descubro que os ares marinhos estão a me faltar.
Decido, então, buscar a praia numa cidade do litoral Norte Fluminense, calma e aconchegante, com os confortos de cidade grande, mas, ainda, com as características de segurança que o interior permite.
Ansiosa e quase sem dormir, aguardo o táxi que me levará ao ponto de ônibus, rumo à brisa do mar.
Partiu às 06.30h/18 05.
Um roteiro quase turístico: foram-se duas horas e meia em estradas tortuosas, num “caixotinho” (denominação dada ao ônibus que roda por entre os distritos de municípios do interior). Desconforto total, além da falta de compromisso do motorista com os passageiros, uma vez que não se furtava a parar, conversar com pessoas que circulavam pelas estradas, sem qualquer respeito com os que estavam a ser conduzidos.
Meu bom humor, verdade, surpreendeu-me.
Num roteiro lógico, este percurso duraria 50 minutos.
E fui fazendo “turismo”, absolutamente conformada com a situação.
Chego ao destino, após três horas de viagem.
Não, não era destino ... havia uma baldeação.
Com pouca bagagem, mas cansada, tomo assento na segunda condução e peço ao motorista que me oriente quanto ao meu destino (do qual tinha alguma noção).
Outro padrão: ar refrigerado, funcionários uniformizados, limpeza impecável, mas desconhecimento total da região.
Quando percebi que a minha parada estava próxima (há mais ou menos uns 7 anos não visitava a tal cidade), dirigi-me ao condutor, que retrucou:
- Sua parada já passou!
Retorne, pegue uma van.
Assustada, desci no primeiro ponto.
Mas não sou tão desligada. Na calçada, percebi que não estava errada.
Mais informação:
- Sim, siga em frente. Logo ali ...
Que deveria seguir em frente eu sabia. O que desconhecia é que logo ali era além, muito além da imaginação.
Rendi-me ao táxi, que também desconhecia a cidade.
E eu, segurando o bom humor, cheguei ao meu destino: uma Pousada modesta, que da porta era uma festa, o mar e sua imensidão.
Mas a festa não estava completa, meu caro leitor.
Havia um senão: internet!
Meu modem, 3Geringoça tecnológica, uma carroça enferrujada. Internet emperrada, só clicando em atualização.
Senti saudades da roça, da Velox que não me faz troça e põe o mundo em minhas mãos.
Não se trata de propaganda, é fato que aqui desabafo,
Mas ...
Amanhã é um novo dia!
Que o meu bom humor se mantenha,
que, enfim, não me detenha,
face ao objetivo inicial:
nos cabelos um pouco de sal!
Rogoldoni
19 05 2011
Publicado na Antologia Poemas à Flor da Pele, CONTOS E CRÔNICAS, volume 1
Editora Somar de Porto Alegre
Evangraf, Porto Alegre, 2011
página 99