UMA "ESCRIVAGUI"

Volto a esta página no meio do dia e antes que o inverno chegue. Alguma frente fria se aproximou e o clima está delicioso. Mudança climática significa mudança em diversos campos do nosso dia-a-dia que afeta até o humor.

Na minha casa humor sempre muda para melhor, pois com as crianças que tenho, tudo é muito divertido. Principalmente quando diz respeito ao Gui, que com a ansiedade dos seus dez anos, volta e meia nos presenteia com boas risadas. Com a alteração da temperatura vem roupas novas para prepararmos para o frio. Minha esposa comprou algumas. Obviamente todos adoraram.

Foi na manhã seguinte às provas bem divertidas, que minha esposa chega em casa depois de uma saída breve e encontra o Gui que acabara de acordar, todo produzido como se fosse a uma festa.

- Gui! Esta roupa é nova. É para sair. – Advertiu a mãe.

Ele retruca com toda naturalidade, estatelado no sofá sem tirar os olhos da televisão.

- Mãe, a roupa nova acabou e chegar da rua. Ela quer ficar em casa. A velha que precisa sair.

É, amigos! Estas são nossas crianças.

Recordo-me de uma ocasião em que ele tinha pouca idade. Minha segunda filha se chama Ana, carinhosamente chamada por nós de Aninha. Ela, já na escolinha, fazia suas atividades propostas em uma escrivaninha que dividida com o irmão mais velho.

Ocorreu que o Gui estava em prantos e não entendíamos a causa. Preocupados, perguntamos ansiosos e aguardamos a condição que ele necessitava para conseguir se expressar em meio a muitos soluços.

- É que eu quero uma escrivagui.

- Como? – Obviamente não havíamos entendido nada.

- A Aninha tem uma escriva”Aninha” e eu quero uma escriva”Guiiiiiiiiiiii”. - Disparou.

Não basta ser pai, temos que aprender a nos comunicar. Por isto escrevo.