Subtração

SUBTRAÇÃO

“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão” ?

Atira a primeira pedra, aquele que nunca roubou alguma coisa.Você deve estar nesse instante discordando totalmente dessa afirmativa. Calma, vamos interpretar melhor.

Você nunca roubou um pato do seu vizinho sábado de aleluia? Você nunca trouxe da repartição que você trabalha um envelope ou uma canetinha? Você paga o salário que faz jus sua empregada, inclusive as contribuições do INSS?

Sei perfeitamente que você está argumentando nesse instante. Isso não é roubo. Na verdade roubar, conforme o dicionário Aurélio é:

Subtrair coisa alheia móvel , mediante grave ameaça ou violência à pessoa , reduzindo a impossibilidade de resistir.

Concordo porém, com Cláudio de Moura Castro, economista que escreve na Revista Veja e que na matéria intitulada “Por falar em pizza” (Edição 1924, ano 38 e no 39) considera que atestados falsos são casos claros de roubos. Quem recebe o atestado está roubando dinheiro da empresa, segundo ele, e quem dá é cúmplice do roubo. E explica ainda: “a cola é roubo de conhecimento, o professor que não dá aula na hora está roubando da instituição de ensino, deixar de pagar impostos, subornar o guarda para não pagar a multa também é roubar do Estado.”

Nada justifica dizer que esse tipo de atitude é insignificante em relação aos mensalões e outros crimes de colarinho branco. Um erro não justifica o outro. Cada um deve fazer a sua parte.

O administrador, o engenheiro, o médico, o deputado, o senador, e qualquer profissional ou representante do povo que conhece o código de ética de sua profissão, que jura de forma consciente perante a sociedade zelar pela sua profissão têm o dever de fazer boas escolhas diante de certos dilemas que contêm questões morais de honestidade, justiça, respeito pelos outros, ou cumprimento de compromissos.

O nepotismo, o favoritismo, acordo de preços , ganância, são exemplos de situações que são praticadas abertamente no cotidiano como se corretas fossem.

Quando se contrata pessoas da família ao invés de dar oportunidade a todos concorrer honestamente por um emprego, estamos subtraindo de outras oportunidades de trabalho. Assim também estamos pecando, em fazer acordo de preços, assegurando lucros vantajosos que sacrificam o bolso dos menos favorecidos.

Temos que estar atentos para nossas atitudes. Não importa o que subtraímos nem o quanto. Pouco ou muito, estamos de qualquer forma fazendo uma vítima.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 22/11/2006
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