Ceticismo social



Talvez não seja o que acho que sou, quiçá apenas ache que sou o que creio ser. Quem sabe eu seja o que acho que sou, mas com certeza não sei sequer se sou, além do mais, certeza não tenho nem sobre a minha própria certeza, muito menos se sou ou sequer se existo.
 
Mas sendo ou não sendo, existindo ou não existindo, prefiro crer na realidade como a percebo, e percebo uma realidade ingrata e injusta para uma enorme população.
 
Não me basta filosofar quanto ao ceticismo de ser ou de existir. Pelo menos para uma enorme parcela da população, nossas ações e decisões, mesmo que irreais, podem fazer a diferença. Por isto, sendo ou não sendo, que tal agirmos em prol daqueles que sofrem. Se o sofrimento for real nossos atos, mesmo que irreais, serão dignos, mas também o serão dignos mesmo que o sofrimento seja irreal, e mesmo ainda que eu não seja o que creio ser, posto que estarei agindo pela nobreza da dignidade da vida humana de nossos irmãos em espécie, mesmo que sejamos todos incertos e irreais, e vivamos na ilusão de sabermos com certeza se somos ou se existimos.
 
De que adianta vagar profundamente na incerta certeza de nossa realidade enquanto, real ou ilusoriamente, o sofrimento humano perdurar.
 
Existindo ou não, sendo real ou não, sendo um sonho, sendo mera ilusão, ou mesmo sendo apenas o reflexo sistêmico de algum corpo maior, ou alguma holografia multidimensional, eu prefiro acreditar que meus atos podem ajudar ou atrapalhar, dependendo da direção que eu dê a eles, por isto devo buscar aqueles que dignifiquem a vida humana.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 17/05/2011
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