Foi só aprendizado/ interação da cumade Rosa Serena
As minha pispiação de garoto no Distrito Federá nun foi das mió mais tomém nun foi das pió. Premerarmente pruquê entre vivos e morto eu min incronto aqui iscreveno, prova qui num murrí cumeno frutas quagi istragada nos lixo da Comil quando eu era ingraxate, tomém pruquê o restaurante do GTB e do DTUI daquele tempo in Brasília tomém min dava o dicumê na latinha de cera ingleza qui eu tinha bem lavadinha dento da caxa de ingraxá. Inda min alembro dum cazá de véios no apartamento do broco C da Super Quadra 305 sul, este cazalzin quando ia abrí a porta pra min atendê nas pidança de armoço, min mandava intrá e eu cumia na mesa juntim cum eles, era tratado cuma se fôsse um fio deles, na dispidida inda min falava qui eu quando eu tivésse cum fome qui eu pudésse vortá. Nessa Super Quadra inzéstia a Cunfeitaria Pigalle, Tempos sufrido mais xêi de aprendizage. Pur aoutras ocazião eu saia pur entre as mata do serrado e pur lá min fartava de articum e jatobá, trazeno na sacola qui era de pano um montão de piquí, intregava para minha mãe qui já min arricibia cum u’a vitamina de abacate feito sem leite, só cum água, mais cuma era gostosa as vitamina qui minha mãe fazia dento daquele barraco de tábua de telhas de papelão imprensado cum pinxe no conjunto D da quadra 9 de Sobradinho no Distrito Federá. Min alembro qui u’a veiz deu u’a xuva e cuma as telha já tava cum muitios furo pruquê já tava velha dimais, nóis moiemo tudin, nun tô aqui min quexano, apenas dizeno dos meu aprendizado qui a gente só vê quando a veíce xega. A noite o nosso adivertimento era queimá as aza das muriçóca cum u’a vela acesa pruquê nóis num pudia cumprá baigon, despóis nóis ia drumí no coxão de capim qui era bom dimais, a gente se arrremixia todo percurano o jeitio de o corpo se acomodá nos capim. Nóis nun pudia cumprá os rimédio e os xá qui minha mãe fazia era bom dimais, (inda bem qui ela era raizêra). Nun pósso min quexá pruquê naquele tempo eu tinha a minha mãe.
Chão estrelado
Meu chão estrelado
Com estrelas da cor de prata,
Bordava no meio da casa
Retratos de uma vida pacata.
Em noite de lua cheia
Deitado em meu travesseiro,
Olhando para o telhado
Meu lugarzinho sorrateiro.
Meu corpo caia formando
No meu colchão de capim,
Moldava o jeito todinho
Cavando o lugar de dormir.
De dentro eu via a rua
Das fendas que o tempo rasgava,
E via o clarão do luar
Na rua onde eu morava.
A meiga jovem raizeira
A todos vinha consolar,
Já tinha como de hábito
Sumo de raízes nos dar.
A raizeira minha mãe
Para todos vinha trazer,
Os frutos do abacateiro
Que no quintal vi nascer.
Era um creme gostoso
Essa vitamina com água,
As vezes vinha suco de manga
Que vida! lembranças sem mágoa.
Barracão feito de tábuas
Para mim era um bangalô,
Sei que foi uma vida dura
Mas lembrança boa ficou.
Barracão de telhas furadas
Deixando o chão estrelado,
Se pudesse voltaria no tempo
Para viver ao teu lado.
Passamos bons tempos me lembro
Quando na Pigalle trabalhava,
Pés e pescoços de galinha
Prá casa eu sempre levava.
Com papai, mamãe e irmãos
O meu barraco virou saudade,
Alí eu vivi muitos anos
Vida dura! Com felicidades.
Cinquenta anos se passaram
O poeta vive a relembrar,
Porque ele viaja no tempo
Quando está a meditar.
De: Airam Ribeiro - Itanhém-Ba-
ROSA SERENA
Meu poeta destemido
Que tanto na vida lutou
Guarda as doces lembranças
Deste tempo que ficou!
São lembranças queridas
Da tua mãezinha amada
Que das raízes fazia
A cura pra molecada!
Mesmo com tanta pobreza
Na cama pobre arrumada
Dormia o sono dos justos
E a comida era abençoada!
Sente a saudade no peito
Desta vida de dureza
Mas era também uma vida
De dignidade e nobreza!!
Tinha um tesouro inteiro
Refletido lá no céu
Pois podia ver as estrelas
E delas fazer um cordel!
Esta vida mesmo tão simples
Penso ser a vida boa
Como a vida de JESUS
Que nasceu na Manjedoura!
Também eu sinto saudades
Dos meus tempos de menina
Das minhas bonecas de pano
Pobres mas, sempre limpinhas!
Hoje na maturidade
Dos meus anos já vividos
Relembro com lágrimas quentes
Este tempo tão querido!
Pra você ter uma idéia
Da pobreza que a gente vivia
Se o pé crescesse muito
Tinha que cortar a pontinha!
Pra poder caber os pés
E não ficar apertado
Minha mãe cortava o bico
Pro pé não ficar amassado!
Sapato quando era novo
Tinha que bem conservar
Pra servir pros outros irmãos
Que nem dava pra contar!
Mas foi neste tempo distante
Que hoje nos deixa saudade
Pois guardamos no peito
E ninguém pode nos tomar
As estrelas do caráter
Que a vida ensinou a forjar!
Meu poeta amigo, este texto que traz tanta pureza e amor nele refletido, trouxe-me muitas saudades e atrevo-me em deixar em versos um pouquinho da história por mim vivida que também me fizeram feliz! VIDA, FORÇA, SAÚDE!