FIO DE COBRE
21.12.1997.
Conheci uma figura, meio homem meio monstro, rato de esgoto, sujo, maltrapilho, roto. Uma desfigura, um grito vindo do inferno, vergonha para a sociedade, uma aparente ameaça à mesma. Ele, filho da p., filho da noite, boca suja, gerado por puta e criado na rua. Pele rugosa antes do tempo, cabelos grudentos, dentes podres, odores terríveis e feridas abertas. Alto, gingado e palavreado ameaçador, vítima de não se sabe o que, sem desígnios ou aspirações que fossem. Me disse ser da terra de Lúcifer, depois desmentiu e me disse ser carioca, da Rocinha. Afirmava aos brados sua braveza e periculosidade, até mesmo suas tatuagens confirmavam a louca vida que vivera e vivia.
Era noite em Rondônia, eu vendia passagens no guichê da Cascavel e ele, o meio homem meio monstro dormia curando-se de sua habitual ressaca. Dei-lhe novamente um bocado de minha quentinha (marmitex). Comeu sôfregamente, sem me agradecer, como sempre e poucos minutos depois fez-me uma miniatura de bicicleta, uma balança e uma antena parabólica usando fio de cobre: “Tome, não precisa pagar, é um presente”.
Coisas dessa vida às vezes ingrata...
21.12.1997.
Conheci uma figura, meio homem meio monstro, rato de esgoto, sujo, maltrapilho, roto. Uma desfigura, um grito vindo do inferno, vergonha para a sociedade, uma aparente ameaça à mesma. Ele, filho da p., filho da noite, boca suja, gerado por puta e criado na rua. Pele rugosa antes do tempo, cabelos grudentos, dentes podres, odores terríveis e feridas abertas. Alto, gingado e palavreado ameaçador, vítima de não se sabe o que, sem desígnios ou aspirações que fossem. Me disse ser da terra de Lúcifer, depois desmentiu e me disse ser carioca, da Rocinha. Afirmava aos brados sua braveza e periculosidade, até mesmo suas tatuagens confirmavam a louca vida que vivera e vivia.
Era noite em Rondônia, eu vendia passagens no guichê da Cascavel e ele, o meio homem meio monstro dormia curando-se de sua habitual ressaca. Dei-lhe novamente um bocado de minha quentinha (marmitex). Comeu sôfregamente, sem me agradecer, como sempre e poucos minutos depois fez-me uma miniatura de bicicleta, uma balança e uma antena parabólica usando fio de cobre: “Tome, não precisa pagar, é um presente”.
Coisas dessa vida às vezes ingrata...