Propaganda vale mais, sempre valeu...

Nunca fui de endeusar títulos. Admiro pessoas, ainda mais se têm trabalho ou algo que valha pra mostrar. Vejamos o caso dos ‘cienturistas’, que não é erro de grafia, sim uma forma de designar cientista-turista e suas variações. Para esta espécie, propaganda vale mais que resultados, o que no fundo mostra grande capacidade de conhecimento humano, pois quem não é visto, não é lembrado, não? Isso se dá também em outros ramos, como na escrita. Cientista ‘arroz de festa’, que em toda conferência, congresso ou evento está, batendo ponto, dando palestra. Tema é o que menos conta: sem tema vão, e vão mesmo, o que importa é estar lá, na badalação. Curiosamente, não parece faltar recursos nos laboratórios dos cienturistas e, incrível como cresce o número de suas publicações, ainda que raramente apareçam como autores principais. O segredo está em ‘desorientar’ uns muitos que necessitam de um parecer ou um nome em seus trabalhos, ainda que seja só para constar, e se for bom o resultado, certa será a exploração. Cientistas genuínos, em geral, fogem de holofotes, e estão mais ocupados com suas pesquisas, ou trancafiados em seus laboratórios, tentando encontrar soluções para problemas reais, e produzindo resultados que pouca gente vê, ou é capaz de valorar. Quando têm sorte, vez ou outra são agraciados com um prêmio, ou uma ajuda financeira disfarçada de reconhecimento, algo que lhes permita tocar um pouco mais em frente, quase sempre, nobres ideais.

Nota: escrevi este texto como um exercício para o BVIW Tecendo Letras, uma versão para o tema dos sem-tema. Não se trata de desabafo, queixa ou algo pessoal, mas não deixa de ser uma constatação. Por isso publiquei.

---------------------------------------------------------------------

Não sigo o novo acordo ortográfico em Língua Portuguesa. Se deseja reproduzir este texto, no todo ou em parte, favor respeitar a licença de uso e os direitos autorais. Muito obrigada.