Cultura
José Mindlin dizia que não poderemos chegar à cultura sem leitura.
Relembro esse conceito, conhecido por todos que lidam com as letras, para conseguir, talvez, identificar porque grassa na nossa sociedade tanta insensatez, inclusive nos meios educacionais. A turma está confundindo “alhos com bugalhos”. Desconhecem lógica e estão fazendo falsos silogismos. A mais atual é confundir tudo com preconceito. Ouviram falar em preconceito, possivelmente nem saibam o que significa a palavra, e as barbaridades começam a surgir.
O exemplo máximo é o caso recente de educadores lançarem um livro onde aceitam e concordam com erros crassos de português, para evitar o preconceito. Usam mal os silogismos. Aliás, foi desse modo que o português, “a última flor do Lácio”, chegou até nós. Herdamos o falar errado do Latim culto. Os bárbaros venceram... E os novos bárbaros, não tenho dúvida, vão vencer novamente.
O raciocínio deles , para que todos entendam de uma vez por todas, tem uma péssima configuração, para usar um termo da informática. Sofrem de um mal terrível: a falta de lógica!
O exemplo nem sempre é a melhor maneira de chegarmos a uma conclusão, mas tem hora que só exemplificando. Vamos lá, a turma “moderna” de educadores está fazendo silogismos desse tipo: “Existem bolachas de água e sal. O mar é feito de água e sal. Logo, o mar é um bolachão! Outra: Deus é amor. O amor é cego. Logo, Steve Wonder é Deus.
Burrice é uma coisa, preconceito é outra bem diferente. Preconceito é a rejeição de pessoas em razão do sexo, raça, nacionalidade, religião, etc. É só dar uma olhada rápida no dicionário, gente!
Voltamos ao tempo do FEBEAPÁ, maravilhosamente criticado por Sérgio Porto.
Ouviram falar em relativismo, mas não sabem que existe o relativismo consequente.
Do jeito que a coisa está progredindo, não vamos mais prender o matador em série, porque seria preconceito, devemos respeitá-lo. É aceitar que dois mais dois são cinco, como disse muito bem a escritora renomada Maria Machado, da Academia Brasileira de Letras.
Antonio Ferreira, citado pelo acadêmico e nosso maior gramático Bechara, deve ter tido uma comoção no seu caixão. No século 16, ele nos deixou essa linda frase a respeito de nossa língua:
“ Floresça, fale, cante, ouça-se e viva A portuguesa língua, e já onde for, Senhora vá de si, soberba e altiva!”