O TEXTO QUE NAO GOSTARIA DE ESCREVER

Existem alguns textos que escrevemos em nossas vidas, que são poéticos, sensíveis, e até mesmo considerados bonitos. Mas nós não gostaríamos de escreve-los porque nos machucam, ferem, e nos tornam muito vulneráveis.

Este é o meu texto que eu NÃO GOSTARIA de ter que escrever. Um texto que fala de tristezas, despedidas, desencantos. Um texto que expõe o meu coração de tal forma que sinto-o batendo fora do corpo e posso toca-lo com a mão. Não apenas o coração mas todo o meu ser é rasgado, dilacerado em cada palavra que vai sendo articulada nessas linhas.

Um texto de adeus. Daquele adeus que a gente nunca imagina ter que dizer na vida. Aquele Adeus a quem voce decidiu por mera liberalidade que seria cua companhia eternamente, já que segundo algumas crenças mesmo no outro plano continuamos amigos. Um adeus doído, como poucas dores físicas podem ser igualadas. Talvez por isso a resistência em escreve-lo ou a dificuldade em expressar o que realmente acontece nesse momento em que dedos duvidosos procuram teclas dissonantes entre o emocional e o fisico.

Mas teria que ser assim. Um dia, cedo ou tarde a gente teria que se despedir, se afastar, fosse por causas naturais, extranaturais ou sobrenaturais. A vida é um constante e repetitivo ciclo de idas e vindas, partidas e chegadas, ganhos e perdas. E ontem foi o dia do ganho, quando nos conhecemos, nos abraçamos e nos tornamos amigos. Hoje é o dia da perda, quando a mesma vida que nos aproximou nos afasta em definitivo. Lembra que me disse que não sabia porque nos conhecemos? Pois é, ou eu me pergunto: Porque temos que os afastar? E assim como aquela primeira a segunda pergunta também não tem respostas, porque infelizmente essas coisas não tem respostas os significados próprios, concretos, sólidos, daqueles que a gente entende prontamente. Os sonhos de envelhecer juntos, as brincadeiras, tudo isso acaba. Vão ficando para trás aqueles planos que fizemos e que o tempo, ou a falta de tempo não nos deixou realizar. Não falemos de tristezas. Fomos felizes enquanto estivemos juntos e vai ser essa felicidade que na hora que a saudade apertar vai falar mais alto e trazer para junto de mim as suas lembranças. Não sei se chegará a se lembrar de mim, se lhe farei falta, se vai sentir saudades de quando a gente parecia dias crianças fazendo planos para o futuro. Falo por mim e apenas por mim. Que sentirei sua falta, que sentirei saudades e que por mais que o tempo passe eu jamais vou te esquecer. Ainda vamos nos ver pelas curvas da vida, mas nada será como antes. Por isso o texto que eu NÃO QUERIA ESCREVER. Porque sei que ele coloca ponto final em uma linda história entre duas pessoas. Mas se tudo na vida tem seu ponto final, que pelo menos o nosso ponto final seja algo que possa quem saber aliviar os sentimentos de outras pessoas. O tempo é cruel e um verdadeiro porto marítimo. Nunca saberemos quem vai chegar e quem vai partir a não ser no momento em que a partida ou a chegada vai acontecer. E esse é para nós o momento da partida. Da minha partida. Parto para outros portos, para outros mares, para outros caminhos. E quero carregar na bagagem apenas o que de bom vivemos juntos.