O QUE ACONTECIA NESSA ÉPOCA
Transformações gigantescas sem exagero algum nessa dimensão, tanto na vida de seu pai quanto na vida de sua mãe.
Seu pai aprendia a viver em paz e ter o controle sobre si mesmo. Aprendia autodidaticamente filosofia e começava a praticar a mesma.
Sua mãe aprendia a ser dona de casa. Pela primeira vez na vida, em casa, sem trabalhar desde sua fase adulta. Aprendia a ser mãe e aprendia a cuidar das coisas que se referiam à vida matrimonial, coisa que em seu 1° casamento não fora muito posto em prática pelas informações que obtive e pelas observâncias que fiz.
Planos se tornavam ocorrências. Obras em nossa casa, pouco dinheiro, porém sempre o suficiente para nada faltar. A curtição contigo, o prazer em estar em casa e a liberdade das “flutuações da alma”.
Muita música, livros e idéias. Mudanças bruscas de atitudes, de vícios, de costumes. No que se refere aos vícios, vamos mais claramente: sua mãe, logo quando descobriu que estava grávida largou o tabagismo. Seu pai lutou contra um alcoolismo em evolução que já perdurava por 7 anos e conseguiu inativá-lo no dia 28 de março, depois de quase um ano de luta, 37 dias antes de seu nascimento. 41 dias depois de seu nascimento, seu pai largou o cigarro e seguem-se assim as coisas. Tudo é início. Você reiniciou nossa vida, fostes a “mola propulsora”, o “fator motivador” para tantas novidades.
De certa forma, determinamos as mudanças de nossas paixões motivados por paixões que sejam maiores que as anteriores; não chega a ser o caso de deixarmos de possuí-las, apenas de trocá-las por outras, e é o que ocorre nesse momento presente, a 2 dias de seu 2° mês completo. Tornou-se maior a paixão em viver depois que você apareceu em nossa vida e tal aumento sempre trás consigo uma infinidade de questões simples e complexas que passam a envolver ou a envolucrar nossa existência. Mudam-se as prioridades, as atitudes em relação aos outros e a si mesmo, alternam-se até mesmo as “verdades absolutas” quando “milagrosamente” tudo se encaixa e acontece de forma tão desejada e de igual intensidade, inesperada.
Nas questões práticas:
Livros: veja só, na correria de seu nascimento, levei dois livros em minha bolsa, como se eu fosse conseguir me concentrar na leitura de algo na ocasião: “O Desespero Humano” de Sören Kierkegaard que terminei de ler semanas depois e “Da Morte, Metafísica do Amor Sofrimento do Mundo” de Arthur Schopenhauer que retornei sua leitura agora. Nesse período terminei o 1° tomo de “Origem das Espécies” de Darwin e iniciei o 2° tomo. Terminei a leitura de “Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras” de Baruch de Spinoza que me marcou bastante e terminei o livro “Da Utilidade e do Incoveniente da História para a Vida” de Nietzsche (o 13° livro do autor que eu li). Interrompi momentaneamente a leitura de “Schopenhauer Educador” de Nietzsche e “Diário de um Sedutor” de Sören Kierkegaard. Livros que aguardavam ser lidos por mim antes de seu nascimento: “Princípios do Conhecimento Humano” de Berkeley, “A Vida Feliz” de Sêneca, “Dos três Elementos” de López Medel e “Elogio da Loucura” de Erasmo de Rotterdam e livros que comprei após seu nascimento: “Os deveres” tomo II e III de Cícero, “A filosofia na Época Trágica dos Gregos” de Nietzsche, “Fábulas” de Fedro, “Zadig ou O Destino” de Voltaire e hoje “O Contrato Social” de Jean-Jacques Rousseau. Consegui, depois de um longo período sem computador, localizar a minha Biblioteca Eletrônica que contém mais de 100 livros de filosofia e já separei alguns para serem lidos, entre uma apostila de PageMaker 6.5 que imprimi da mesma biblioteca para estudá-la no intuito de aprender noções básicas de tal programa e assim poder editorar meus próprios livros, sem que seja necessário pagar a alguém para que faça a diagramação, paginação e outros concernentes à editoração.
Quem muito lê acaba escrevendo e concluí nesse período a digitação de 3 livros meus de poesias que já estavam manuscritos: Narciso do Valão, Tantálico e Venerável Ferrão, apostilados e prontos para registro e revisão. Comprei uma gramática para que eu mesmo consiga em parte fazer a revisão dos mesmos. Iniciei mais dois livros de poesia: Estou Vendendo Meus Sonhos e Olhos que Brilham Vendo o Paraíso, que completarão essa minha 2ª coleção de livros poéticos denominada por enquanto de Coleção Esfera. Minha 1ª coleção chama-se Coleção Dilema, publicada em 2006 de forma independente, no intuito de apresentá-los a editoras, contendo também 5 livros: Barafunda Fecunda, Mundo Caranguejo, Partículas Acrílicas, Pretensão de Encarar o Sol e República Democrática de um Homem Só. Fora poesias (que na verdade são poesias-filosóficas em sua maioria), iniciei depois de seu nascimento um primeiro livro apenas de filosofia, denominado até então: “Ensaios e Aforismos”, dei continuidade à minha autobiografia intitulada: “Eu em Vinte Pedaços” e iniciei uma coleção de 5 livros dedicadas a você cujo projeto de escrevê-los estende-se até seus 15 anos, sendo o primeiro esse: “Petit Fille”. Há ainda outro livro que não se destina à publicação e sim há arquivo: “Poesias Descartadas”, apenas para organizar aqueles textos que nunca pretendo publicar por estarem péssimos, mas que de alguma forma recuso-me a jogá-los fora.
Quanto à música, sigo eclético, mas o que mais ouvi até então, de seu nascimento para cá foi música clássica (em casa e no celular no percurso do trabalho) e música portuguesa de Dulce Pontes e Mariza (descobertas recentes). Comprei alguns cds de Caetano Veloso
e gravei e regravei vários cds no computador para ouví-los enquanto escrevo. Dentre eles, Radiohead, Amy Winehouse, Björk, Pink Floyd, Maria Betânia, alguns clássicos com Bach, Wagner e Strauss e etc.
No quesito idéias: seguem as idéias relacionadas às obras, ou seja, fazer um quarto para você, aumentar a cozinha, fazer um cômodo que será minha biblioteca e refúgio para escrever, colocar o telhado na laje (nesse fim de semana próximo, daremos continuidade, já temos todo o material, falta apenas pôr a mão na massa), pôr piso na casa que se encontra no ponto de contra-piso, pintar as paredes internas, comprar um guarda-roupas e um armário de cozinha, prestar vestibular de filosofia para faculdade pública nesse mês de julho e continuar firme nos propósitos e caminhos iniciados.
Quanto à rotina, seu pai, de segunda à sexta acorda às 4:45 e segue de Alcântara para a Freguesia da Ilha do Governador, atravessando a Amaral Peixoto, a Alameda São Boaventura, a Ponte Rio - Niterói e a Linha Vermelha e toda a Ilha praticamente, perfazendo quase 70 quilômetros, ouvindo a rádio MEC e lendo livros. Lá chegando, seu pai trabalha numa gráfica chamada Mitra (pela 3ª vez) como impressor de off-set, num ambiente de trabalho de muito ciúmes e disputas onde praticamente todos os dias se aborrece bastante. Por isso também o desejo da faculdade agora: poder sair de tal ambiente retrógrado e ignorante que é qualquer firma pequena e poder completar a felicidade que carece apenas da satisfação no trabalho (no momento). Sábados e Domingos, Ana Júlia, música, textos, obra e descanso.
Sua mãe, adaptando-se aos seus interesses e necessidades, dando-lhe muito o peito em suas longas mamadas, cuidando da casa e de seu pai.