O que é Politicamente Correto?
Meu irmão caçula é negro e eu o chamo de “Meu Negão”, “Negão da Ninha”... o outro, de catorze anos, tem uma deficiência na mão direita em que faltam a pontinha de três dedos e todo mundo o chama de “Dedinho”.Enfim, da mesma maneira que eu chamo minha filha mais velha de “Polaka”, meu filho do meio de “Gordo”, a caçula de “Loira”, a sobrinha de “Jambinha” e o sobrinho de “Pezudo”. Como uma forma carinhosa mesmo. E eles amam que eu os chame assim. Já fui criticada por chamar o Nando (o irmão) de Negão e fui obrigada a convidar a pessoa autora da crítica a “Deglutir no próprio Orifício Retal”, assim mesmo, com essas palavras. Tudo bem que a individua não entendeu, mas isso é outra história!
Esses dias eu conversava com um primo meu a respeito e ele disse que, do jeito que as pessoas são auto-preconceituosas, nós não poderemos nem mais referirmo-nos ao Saci por esse nome. Terá que ser “Menor afro-descendente, portador de deficiência física no membro inferior direito”. Aí elaborei uma listinha de coisas que poderiam soar como preconceituosas e que podem ser ditas de uma maneira mais “politicamente correta”:
- Ao invés de saborear uma deliciosa “Nega Maluca”, eu terei que saborear uma “mulher afro-descendente com problemas de deficiência mental e psicológica”;
- Ou não poderei mais contar a história da “Mula sem-cabeça”, mas sim a do “Quadrúpede portador de deficiência encefálica”;
- O “Curupira” também perderia sua identidade, já que tem os pés ao contrário, deveria ser intitulado de “Menino de coloração verde na pele, vermelha nos cabelos, possuidor de deficiência física nos pés”;
- “Os buracos Negros” passariam a chamar-se “Buracos afro-descendentes”;
- a AMAN: Academia Militar das Agulhas Negras deveria trocar de nome para “AMAAFD (Academia Militar das Agulhas Afro-Descendentes”.
- “O Humor Negro” deveria ser intitulado de “Humor Afro-descendente”
- “Os Veados” (aqueles animaizinhos que habitam as florestas do nosso país) deveriam chamar-se ”Quadrúpedes com orientações homossexuais”; E por aí vai.
Imagino eu que os “politicamente corretos” irão amar o meu humor afro-descendente e que adotarão esses termos em seu cotidiano pseudo-moralista. Pois uma coisa eu aprendi com a vida, um negro que não tem problemas com sua raça, não se importa em ser chamado de negão por um amigo ou por quem quer que seja. Da mesma maneira que uma ruiva é chamada de ruiva e uma loira de loira. Eu fui chamada de branquela a vida toda e nunca me senti discriminada nem alvo de preconceito por isso. O preconceito está na mente de quem vê preconceito em tudo!