Retrato urbano
O homem curvado e lento
Atravessa na faixa de pedestre
O transeunte não se preocupa com a pressa do mundo
É verde a cor do sinal
Buzinas gritam insistentemente
E palavrões sujam o ar
O homem curvado sustenta os vários anos nas costas
A cor do sinal agora é vermelha
Os autos
Sem saírem do lugar
Calam suas buzinas
E os condutores silenciam
O homem curvado enfim atravessa
Cansado se senta no banco da praça
E se distrai com os pássaros e as flores