Fronteiras diluídas

O mundo amazônico é uma constante fronteira. Sabemos que nos primeiros anos da colonização ele já era uma fronteira, uma fronteira entre o desconhecido e o conhecido para os exploradores europeus. Mas não nos enganemos: o mundo amazônico também era um pouco (muito menos que os europeus) desconhecido para muitas sociedades amazônicas.

Antes de tudo o mundo amazônico é uma fronteira entre o natural e o humano. A natureza se impõe aos homens, mas seria ingenuidade nossa supor que o homem também não se impõe, tentando dominá-la (hoje, então, isso está muito claro).

Não sabemos onde a cultura acaba e onde a natureza começa. Descobertas científicas tem nos ajudado a relativizar essa fronteira. Etólogos (pesquisadores do comportamento animal) descobriram uma diferença de comportamento entre os botos de regiões diversas do Amazonas. Seria o caso de dizer que esse botos possuem uma cultura regional?

Arqueólogos pesquisando a pré-história amazônica chegaram a conclusão de que as populações indígenas que habitavam o vale amazônico eram densas e mesmo assim faziam manejo ambiental, com o objetivo de produzir zonas de caça e roça. Esse hábito pode explicar a diversidade ecológica em um solo tão pobre. Será a Floresta Amazônica uma construção humana?

De qualquer forma, o mundo amazônico continua sendo misterioso. A ciência ainda tenta desvendar seus segredos. Isso, contudo, como tudo na vida, carrega tanto consequências positivas como negativas. Nosso maior conhecimento sobre a Amazônia permitirá preservá-la ou subjugá-la? Trabalhemos para que a segunda alternativa não se concretize.