Realidades Diferentes Sem Preconceitos

Que o mundo é feito de realidades diferentes nós estamos cansados de saber, que o nosso país é extremamente diferenciado no quesito em questão, também não é novidade. Mas não precisamos ser tão abrangentes para nos deparamos com as diferenças. Eu moro em um bairro de classe média onde, relativamente, os moradores têm certo padrão financeiro meio que uniforme. No entanto, mesmo em comunidades em que podemos observar semelhanças, também vemos diferenças gritantes de realidade. E o que nos mantém com certo nível de sociabilidade é justamente o saber conviver com as diferenças. E, acima de tudo, respeitá-las. Mas isso não quer dizer que você tenha que viver a diferente realidade do seu vizinho.

Em frente da minha casa tem dois casais homossexuais. Um casal de moças e outro de rapazes. E eles são muito amigos meus. Uma das moças é irmã de um dos rapazes. As moças, de vez em quando me ajudam aqui em casa. Uma delas é babá dos meus filhos e a outra faz a faxina. E nunca, em hipótese alguma, deixam que meus filhos percebam a realidade delas. E isso foi um acordo que nós fizemos para que não se confundisse a cabeça deles. Não me vejo preconceituosa por isso. O casal de rapazes também são meus amigos. Um deles é meu cabeleireiro e o outro é um homem pra ninguém botar defeito, reformou toda a casa dele, serviço impecável. Ele realmente é o marido da relação. E isso nós falamos entre nós, sem preconceitos. Mas meus filhos ficam de fora desses assuntos, não é a realidade deles.

Na esquina de casa tem um menino, de quinze anos, que parece mais uma mocinha. Ele faz escova progressiva, usa sainha jeans curtinha, faz francesinha nas unhas, anda de rasteirinhas com fitinhas. Eu só sei que ele é menino, porque o conheço desde criança, porque senão, ficaria difícil. Meu filho, de cinco anos, perguntou-me o porquê de o menino da esquina se vestir de mulher. Eu simplesmente disse a ele que era porque ele gostava. Mas ele continuou indignado e me perguntou se isso era certo. Eu perguntei a ele: - o que você acha, que é certo? E ele me disse que não, que homem se veste de homem e mulher de mulher, que aquilo não era certo. Então eu concordei com ele e disse que ele estava certo. Sem preconceitos. O menino se veste da maneira com que ele vá se sentir bem, mas isso não me obriga a enfiar na cabeça do meu filho de cinco anos que homem pode se vestir de mulher que não tem problema. Cada um no seu quadrado. O menino é um anjo, educado, gentil, estudioso e merecedor de todo o respeito do mundo. Mas não é porque ele usa tiarinha de fita no cabelo, que eu vou vestir o meu filho da mesma maneira!

Em frente à praça, perto de casa, tem uma mocinha linda, inteligente, extrovertida, simpática, gente fina ela. Enfim, tinha tudo pra estar estudando e trabalhando, como qualquer moça da idade dela. Mas ela resolveu fazer programas, prostituir-se. Eu jamais deixaria que um filho meu a tratasse mal pelo fato de ela fazer programa. De maneira alguma, muito menos eu o faria. Mas jamais eu deixaria que meus filhos freqüentassem a casa dela. E isso não é preconceito. Isso é zelo de mãe. Não acho que a casa de uma prostituta (com o perdão da palavra) seja ambiente pras minhas filhas. E imagino que qualquer mãe pense da mesma maneira e sem preconceitos.

Uma coisa é você tratar uma pessoa com dignidade, outra coisa é você achar que deve viver a realidade que não lhe cabe somente para ser politicamente correto. Isso pra mim é falta de opinião e personalidade. Tratemos as pessoas com igualdade, mas sejamos nós mesmos, sem preconceitos!

Mi Guerra
Enviado por Mi Guerra em 13/05/2011
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