Abo-lição?!

O que é abolir?

Conta-se a história que certa vez numa terra abundante, habitava um povo governado por reis e princesas. O povo servia aos seus senhores noite e dia, obedecendo condições pré-determinadas por estes. E, por conta disso, o povo possuía o direito de alimentar-se, dormir e, até recolher-se num espaço reservado para os seus iguais. Ah, mas a princesa muito bondosa, num certo 13 de maio, acordou inspirada e resolveu abolir esse regime de parceria.

O povo exultou de alegria! Afinal, saindo de tal situação tornou-se livre para viver feliz para sempre!

Será que os contos de fada inda não acabaram?

Será que alguns historiadores não confundiram-se com as histórias da carrochinha?

Será que as lições que nos contaram na escola não foram fantasiosas e românticas, mascarando os reais acontecimentos históricos?

Com quais intenções teriam nos contado fatos históricos tão semelhantes à fábulas e contos infantis?

Que objetivos e pressupostos haveriam na omissão da verdadeira história?

Quem contou essa história, a realeza ou o povo escravo?

Há que incinerar-se os compêndios dessa falácia histórica e abolir de fato do nosso cotidiano toda forma de escravidão. De modo especial, toda sociedade branca, há que se redimir dos erros do passado, devolvendo com justa causa tudo que foi negado aos nossos irmãos afro-descendentes. A começar, pelo respeito às diferenças e a dignidade humana. E que isso se faça, a partir da simples abolição de certas terminologias discriminatórias, que escondem atitudes preconceituosas arraigadas em nosso vocabulário usual, com a maior naturalidade. Chega-se a pensar que sem o mínimo de reflexão, continua-se a repetir tais vocábulos, como por exemplo, ouvi de uma advogada outro dia: "...é, isso pode denegrir a imagem..." de um religioso: 'a ovelha negra da família', ou ainda, de uma amiga: 'há uma nuvem negra...'

Que tenhamos a coragem e o discernimento de nos posicionarmos diante da falta de respeito, tolerância e amorosidade para com todo e qualquer ser humano. Ainda que se diga tratar-se apenas de uma brincadeira ou piada. Se for para rir, que seja de alegria, por ter descoberto na diferença do irmão, o espelho do meu ser... Afinal, nosso povo brasileiro é poliétnico, brancos, negros ou indígenas, todos somos irmãos... mamamos nas mesmas tetas da nossa mãe-terra e nos abrigamos sob um único véu, o céu, manto protetor de toda aldeia terrestre...

A tempo então, nos libertemos, pois a maior escravidão continua a acontecer nos cérebros humanos vítimas dos algozes da discriminação...

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 12/05/2011
Reeditado em 19/05/2011
Código do texto: T2966693
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