O NOVO MILÊNIO
Nós somos engraçados! Mas a mídia é muito mais engraçada! Estamos a pouco mais de três dias para terminar o ano dois mil, isto é, estamos no ocaso do segundo milênio e no limiar do terceiro, e muito pouco se tem falado nisto. Há mais ou menos um ano, ou quase dois anos – no começo de noventa e nove - a mídia começou a gastar verbo, espaços em jornais, matérias em revistas, programas em rádios e televisões, etc, para glorificar o milênio que se aproximava, esquecendo-se que o início do ano dois mil apenas começava o encerramento deste segundo milênio, mas não iniciava o terceiro, como foi amplamente apregoado. Que a chegada do ano dois mil era um fato importante não se pode negar, mas querer-se encerrar o milênio, apenas para faturar com isso, é demais. Tanto foi demais, que as energias dispendidas com antecedência, parece que fizeram falta agora. As publicidades, comerciais de televisão e quaisquer referências sobre a chegada do terceiro milênio foram insossas e sem o entusiasmo do ano precedente. Parece que o tratamento impertinente sobre o final do milênio, transcorrido durante o ano de mil novecentos e noventa e nove criou um certo constrangimento nos meios encarregados de divulgar este evento natural. Apenas os setores hoteleiros e de viagens têm procurado faturar com o final de dois mil e início de dois mil e um, conduzindo os turistas para o litoral, no intuito particular de assistirem o nascer do sol do novo milênio à beira-mar. Felizmente, neste final de ano ou de milênio, como queiram, não apareceu o que chamaram “bug” durante todo ano de noventa e nove, que foi uma das maiores chatices do milênio, comparada apenas com a famigerada votação feita pela Internet, quando a FIFA, em mais uma de suas mancadas, quase desbanca o nosso rei maior, o Pelé de todos os gramados. Como nós - o povão - somos hoje reféns da mídia, mesmo que alguns jornalistas tenham se manifestado contra aquelas pregações ufanistas sobre o milênio que estaria prestes a chegar, ainda assim muitos - a maioria - acreditavam na massiva propaganda sobre o novo milênio, com a chegada do ano dois mil. Infelizmente, nós, os brasileiros, sofridos, espezinhados, desconfiados, acreditamos sempre que ao virar a folhinha de dezembro para janeiro, anualmente, teremos os nossos problemas resolvidos, as nossas contas pagas, o emprego certo, os hospitais equipados para todos, mais escolas para os nossos filhos, etc. Calcule-se, quando tal virada de calendário inaugura novo ano, novo século e novíssimo milênio? Como não existe outra forma, senão esperar e depois verificar, garanto que muitos estarão terça-feira logo cedo diante das máquinas eletrônicas dos bancos, esperando que os saldos dos débitos tenham zerado, assim como, algum dinheirinho extra esteja lá, dormindo na conta. É esperar para ver!
Campina Grande,Pb, 28 Dez 2000