Eu também quero!

Depois que uma Universidade Portuguesa concedeu um título de PhD a Luis Inácio Lula da Silva, eu imaginei que não me surpreenderia com mais nada do tipo. Errei, e feio! E a surpresa veio daqui mesmo, do Brasil. Pior que isso, foi que veio da Academia Brasileira de Letras, que premiou Ronaldinho Gaúcho com a Medalha Machado de Assis! Isso mesmo! É sério, não é pegadinha! A maior condecoração de honra da Academia Brasileira de Letras foi outorgada a um jogador de futebol? Essa medalha é a mais alta distinção da Inteligência Literária Brasileira! Medalha essa que foi criada para homenagear o fundador da Academia de Letras, Machado de Assis, que dá nome ao título. E Ronaldinho Gaúcho recebeu a medalha, com toda a pompa dos fardões, com todo o decoro dos imortais!

Essa medalha é concedida a algum cidadão que, por intermédio de sua influência, tenha feito algo de muita importância para o Brasil. Principalmente àqueles que, por intermédio das letras, contribuíram para o desenvolvimento sócio-cultural do país. Desculpem-me os futebolistas fanáticos de plantão, mas eu não me lembro de nada fantástico que o tal jogador tenha feito pelo país! Nem mesmo com a bola nos pés, aliás, tem muito jogador anônimo que joga bem melhor do que ele. Será que ele saberia citar que seja uma obra do Autor nomeador na medalha que ele recebeu? Daqui a pouco vão agraciar a Bruna Surfistinha, Restart, Mc Créu... a lista é longa e tenebrosa, diga-se de passagem!

E agora me digam: como ficam os escritores e poetas que tanto nos agraciam com seus versos e livros, com seu lirismo no lugar certo? E os professores, que ganham tão pouco para tentar passar o que aprenderam a outras pessoas? E àquelas Assistentes Sociais que trabalham anonimamente em morros violentos, a fim de melhorar, um pouquinho que seja, o miserável cotidiano desses brasileiros tão órfãos de qualquer alento? Onde eu fico nessa palhaçada toda? Sim, eu sim! Eu, que sou amante da boa poesia, que devoro livros com uma paixão avassaladora pela leitura, que escrevo com um amor tão profundo e dedicado, que às vezes chega a doer! Eu, que dedico todo o meu tempo livre às letras, às palavras, às escritas? Onde ficamos nós? E Machado de Assis? Imagino que deva estar se revirando no túmulo! Se eu fosse ele, com certeza estaria!

Mi Guerra
Enviado por Mi Guerra em 11/05/2011
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