“NÃO HÁ NADA DE NOVO SOB O SOL”
 
 
 “De original só o pecado”
(Cruz Malpique)
 
 
 Se eu dissesse: O que chamamos rosa teria com outro nome o mesmo perfume? Estaria sendo original? Claro que não! A frase não é minha e eu não estou utilizando o sinal topográfico da citação – as aspas – inventadas para esse fim pelo impressor Guilaume no século XVII.   A citação, conforme afirma Antoine Compagnon é a maneira com a qual podemos conversar com outros autores que consideramos significativos, e sentimos necessidade de incorporá-los ao texto,, assim como uma espécie de costura. Então, se a frase não é minha e eu não usei as aspas eu estou plagiando ipsis litteris quem a proferiu, no caso Shakespeare em Romeu e Julieta - fala de Julieta -, que por sua vez, junto com Valtaire, Nadier, Pascal e Freud foram considerados plagiários praticantes entre outros tantos.
 
Vamos ficar na citação. Há os que a defendem , o que nos faz lembrar  Heráclito, que disse:” dizer de novo não é repetir, é dizer de novo.” e Rogério de Paiva, quando afirma: “Não citar seria o absurdo, a paralisia, o discurso vazio - ausência do outro -, uma espécie de misantropia da escritura: a construção de um edifício sem alicerces
 
André Guerra Cotta, pós-graduado em Ciência da Informação, autor do artigo intitulado “ O Palimpsesto de Aristarco (...)”, onde me baseei para escrever este texto fala do citacionário compulsivo e comenta: “ Entre a ausência e a compulsão, há toda uma tipologia da citação: a citação de pedantismo (‘Eu sei. eu cito.’), a citação de afasia (‘vestir o vazio’), a citação do narcisismo ou auto-citação,  e de dois outros tipos perigosos: a citação inútil (‘qualquer um poderia tê-lo dito’) e a citação por preguiça (‘deixar a tarefa aos cuidados de outrem.)
 
É, pelo visto, ser original não é coisa fácil... Encerro este texto com palavras textuais de Alexander Lindey: “Há poucas coisas tão óbvias quanto a frase que diz que não há nada de novo sob o            sol. Há poucas, também, tão compreensivelmente verdadeiras. Na literatura, na arte, na música e na arquitetura, como na filosofia, lei, religião e ciência, nós incessantemente reiteramos o passado. As nossas mais ousadas inovações, quando cuidadosamente estudadas, revelam-se ser nada mais que variações de velhos temas. (...) Os originais, diz Emerson, não são
originais. Há imitação, modelo e sugestão, até verdadeiros arquétipos, se nós conhecemos
sua história. O primeiro livro tiraniza o segundo.”
 
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 11/05/2011
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