VENDE-SE DROGAS POR E-MAIL
Quando eu era menino minha mãe me dizia que quem usa drogas morre! Minha ingenuidade pueril me fazia acreditar que, literalmente, depois de alguém fazer uso da maconha (única droga que eu ouvia falar na década de 70) caía duro e batia as botas. O tempo foi passando e outros valimentos alucinógenos foram fazendo parte de meu vocabulário e a percepção óbvia que meus pensamentos bucólicos haviam me atraiçoado. Tudo isso, porque na minha juventude muitos amigos usaram e os ácidos tomaram conta das boates e discotecas da moda.
Quem usava maconha era maconheiro apenas e a sociedade os expurgava definitivamente das atribuições mais clássicas, tudo por que os maconheiros eram aberrações que precisavam ser tratados com psiquiatria; era uma espécie de monstros do tipo que comiam criancinhas; mas o tempo passa, o tempo voa e tudo muda; tempos depois os maconheiros eram a “onda” da sofisticação e normalmente ligados a movimentos ecológicos de proteção a natureza!
No Brasil aportava ao mesmo tempo o haxixe, derivado da maconha; a cocaína que somente os ricos podiam consumir e nos salões festivos dos velhos carnavais quem tomava conta era o Lança Perfume Universitário “hecho por los hermanos de Argentina”. Quem podia pagar cheirava “lança”, quem não podia cheirava Loló. Isso deve haver até hoje, porque o que a polícia prende deste tipo de droga nas épocas de carnavais, não está no gibi!
Mas a linha do tempo precisa andar, correr e muitas vezes ela voa. A galera que fumava o “cigarrinho do demônio” passou a usar outros tipos de drogas, sintéticas ou naturais a exemplo da heroína. A onda era baratear o “bicho” para que todos pudessem ficar doidões. Teve a época de cola se sapateiro; paralelamente vieram as pílulas do amor, que muitos conhecem como Ecstasy, mas a cocaína dominou um vasto território e mais parecia o Império Romano, porque ela foi dominando o planeta de tal forma que até hoje eu duvido que alguém consiga exterminá-la, pois enquanto alguns governos investem bilhões de dólares para coibir sua produção, como os EUA; outros como Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela fazem de tudo para ela ser produzida.
Os traficantes de drogas precisaram usar a cabeça para espalharem suas substâncias milionárias e neste caso eles precisaram criar novas modalidades, cada vez mais pesadas, para que o mundo ficasse cada vez mais alucinado e com isso haver uma pseudo perda de controle por parte do Estado. É o que está praticamente acontecendo neste exato momento, porque foi chegando o Skank (não a banda mineira), depois chegou de supetão, para tentar ficar e jamais sair o Crack (não o Ronaldinho Gaúcho). Mas algumas nações também apertaram o cerco contra o Crack; por ser um derivado sujo da cocaína, necessita-se haver produção de uma para se obter a outra e fazer cocaína pura necessita-se de espaço, tempo e muito dinheiro.
Já estava na hora deles criarem uma nova modalidade e foi isso que aconteceu. Depois que os Talibãs que se dizem mulçumanos foram expulsos do Afeganistão; eles que eram os maiores produtores de papoula do mundo e que exportavam a matéria prima para a produção de heroína. Depois que a guerra estadunidense contra o narcotráfico; associada a outras nações sérias também apertou o cerco contra cocaína e maconha, o mercado das drogas passou a sofrer severas baixas de pessoas e por conseqüência uma perda de poder de caixa, por isso que começaram a produzir outros lixos destruidores a exemplo da metanfetamina nos Estados Unidos e agora, exclusivamente no Brasil a nova onda da doideira dos drogados, o Oxi!
A metanfetamina é uma droga excitante do sistema nervoso central, muito potente e altamente viciante, cujos efeitos se manifestam no sistema nervoso central e periférico. A metanfetamina tem-se vulgarizado como droga de abuso devido aos seus efeitos agradáveis intensos tais como a euforia, aumento do estado de alerta, da auto-estima, do apetite sexual, da percepção das sensações e pela intensificação de emoções. Por outro lado, diminui o apetite, a fadiga e a necessidade de dormir. Existem algumas indicações terapêuticas para ela, nomeadamente narcolepsia, déficit de atenção hiperativa em crianças, obesidade mórbida e descongestionante nasal. Contudo, esta droga manifesta um grande potencial de dependência e a sua utilização crônica pode conduzir ao aparecimento de comportamentos psicóticos e violentos, em conseqüência dos danos que pode causar ao organismo humano.
A metanfetamina pode ser usada por via oral, injetável, inalada, fumada ou através das mucosas da genitália tanto do homem, quanto da mulher. Quando é fumada o efeito é praticamente imediato, provocando um prazer intenso que chamamos de “flash”, que dura apenas alguns minutos; a administração pela via oral ou inalação provoca euforia mais prolongada, mas não tão intensa como o “flash”. Esta droga concentra-se especialmente nos rins, pulmões, líquido cefalorraquidiano e cérebro. O seu metabolismo é hepático e a eliminação é renal; quem a usa começa a excretá-la por volta de 3 horas depois e pode permanecer desta forma até uns sete dias, dependendo da dose utilizada e da composição química da urina. Nos EUA quem usa é facilmente conhecido por causa da boca; normalmente a boca começa um processo de degradação e os dentes caem ao longo do tempo de uso!
Tik, Melth ou Cristal são os nomes mais comuns dados a Metanfetamina e qualquer um com baixo conhecimento de química pode produzi-la, isso porque seus ingredientes são caseiros, com inserção de medicamentos que são vendidos abertamente nas farmácias; por isso que a MA custa tão pouco, destrói muito mais e está cada vez mais aberta e atraída pelos mais jovens e mais pobres!
O Oxi ou Oxidado começou a entrar no Brasil pela porta da frente. Nossas fronteiras estão entregues as baratas e quem quer passa com o que quiser por locais como Ponta Porã e Foz do Iguaçu. Para quem não a conhece, ainda, permita-me apresentá-la: O Oxi é o “Cheiro do Satanás” e se alguém pensava que o Crack é uma droga pesada é por que não conhece ainda o Oxi!
Oxi é um tipo de droga de descomedimento altamente viciante derivada da cocaína. Trata-se de uma mistura de base livre de cocaína e combustível derivado de petróleo. Para se fazer efeito rápido e devastador o traficante normalmente usa querosene na mistura; mas além do querosene e galera do mal usa gasolina, diesel ou qualquer outra coisa que entre em combustão; mistura-se isso com cal ou permanganato de potássio. O nome é uma abreviação de oxidado. Sua potência é avaliada em 10 vezes maior que o Crack e 20 vezes maior do que a cocaína! Surgiu no Brasil quando entrou pelo Acre, vinda da Bolívia e Peru. De janeiro a maio de 2011, a polícia de São Paulo já apreendeu cerca de 60 kg da droga na região da Cracolândia. Na zona sul de São Paulo foi apreendido o primeiro tijolo da droga na semana passada!
A utilização do Oxi é feito através da inalação; acende-se um cachimbo feito de lata perfurada de alumínio comum onde se queimam as pedras. Em alguns casos se utiliza também misturado com cigarro e algumas tribos loucas de São Paulo já foi apanhada fumando junto com maconha, talvez para elevar ainda mais o poder mortífero da droga! Os de maior coragem trituram a mistura até que ela vire pó e cheiram como se faz com a cocaína.
Quem usa o Oxi, da mesma forma que o Crack entra imediatamente em estado de euforia, possui sentimento de medo, paranóia e um forte sentimento de perseguição. Estes efeitos juntos pode facilmente fazer com que o drogado ameace a vida de quem cruzar seu caminho. Outros efeitos também podem ser percebidos como vômitos, diarréias, aparecimento de lesões precoces do sistema nervoso central e degeneração das funções hepáticas (fígado). Segundo informações policiais, enquanto um papelote de cocaína com cerca de 1 grama custa cerca de 50 Reais, a mesma quantidade de Crack custa em torno de R$ 5,00; e R$ 2,00 o grama de Oxi.
Eu não sei o que mais me causa aversão e medo; se a iminência de um dia me deparar com qualquer tipo de drogas ou de meus filhos e amigos se aproximarem delas. O Estado como insisto em afirmar; prefere mais a polícia investigando o tráfico interno do que coibindo a entrada no país; nossos mais preclaros quadrilheiros vizinhos, como Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) investem dinheiro para que o comércio de drogas aumente, porque recebem de efeito os lucros da operação.
Esta história do glamour dos drogados ou de uma época psicodélica ficou no passado, talvez lá em Woodstock ou no mais longe, nas discotecas da década de 70. Cidades como São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre já são campeãs de uso; Brasília é a capital da cocaína; e o Rio de Janeiro, esta dificilmente terá um jeito menos trágico do que aquele que estamos acostumados a enxergar nos noticiários. Os campos que em outrora eram conhecidos como redutos dos “jecas e tabaréus”, agora já disputam espaço com os “doidões” cheios de Crack. Não há uma cidade do Brasil que as drogas não tenham chegado e causado algum estrago social.
Viver sem a presença das drogas num mundo de tão fácil acesso e tanto descaso público é mera utopia; tentar viver harmoniosamente com ela ao seu lado é simplesmente inadmissível! - então o que fazer? Espera-se que alguém do Governo desperte deste pesadelo profundo e acorde com as Forças Armadas uma vasta patrulha em portos, aeroportos e fronteiras, para que se aperte o cerco da entrada desta calamidade no Brasil. O judiciário e o Legislativo também poderiam integrar uma força tarefa para juntos descobrirem caminhos menos tortuosos que conduzissem a pelo menos uma esperança de controle, porque a vedete do momento, as drogas, desfila solta em todos os lugares, desde igrejas, passando por hospitais, lares de famílias de trabalhadores, fóruns de justiça e possivelmente na sede dos Três Poderes.
Pode ser até glamoroso para alguém, mas com certeza não é para mim, muito menos para os que me acompanham de algum caráter; porque se isso é chique eu prefiro permanecer careta e brega e quem for meu amigo, jamais fará uso no meu campo de visão ou contará com minha aprovação!
Jeito de minimizar o problema tem; e nós, os que militamos nas causas sociais sabemos muito bem qual jeito é; o que falta no Brasil é homem de coragem, pessoas de princípios de justiça e sem medo de ser apontado como beneficiário deste ou daquele traficante; porque se fizerem uma operação minuciosa e criteriosa, reunindo uma tropa de elite, podemos não exterminar, mas deixaremos as drogas na UTI e o povão consciente do que ela pode provocar!
Eu não me surpreenderei se um dia estiverem vendendo drogas on-line numa bela página de e-commerce com pagamento parcelado pelo cartão de crédito!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires é editor da página www.irregular.com.br