CABEÇAS DE BACALHAU ( 03/11/2007)
Sabe onde é o lugar mais longe onde já fui? Estados Unidos, diriam os que me conhecem como professora de inglês. Erraram! All the English I speak I learned it at Yázigi School many years ago (Todo o inglês que eu sei eu o aprendi no Yázigi há muito anos).
Em janeiro de 1979, pouco antes da grande enchente do Rio Doce, eu conheci uma cidade que nem o mesmo nome tem mais: Puerto Strossner (acho que era escrito assim). Bem, é claro que o lugar está lá, mas o nome agora é outro: Ciudad del Este, mais conhecida como... Paraguai! Viu, meu bem, eu sou...internacional!! ( Risos!)
Na verdade, eu preferiria ter conhecido um país nórdico. Acho que a Noruega poderia ser um bom lugar, pois, no mínimo, eu iria dar um jeito de ver cabeça de bacalhau (vai dizer que você nunca quis ver uma?). Na impossibilidade, prefiro fazer uma pesquisa sobre este país e, a seguir, lhe dizer a razão dessa crônica.
Descobri que a Noruega é um país europeu, de 386.000km², muito frio, situado na Península Escandinava, pertinho da Rússia, Finlândia, Suécia e Dinamarca. A educação nessa nação é compulsória dos 6 aos 16 anos de idade e 100% de sua população é alfabetizada. A economia norueguesa “é próspera, com um capitalismo de bem-estar caracterizado por uma combinação da atividade do mercado livre com a intervenção do governo, sobretudo na área de petróleo”.
Sua população de 4.631,799 habitantes (dados de 2005) desfruta da qualidade de vida mais elevada do mundo. Em outras palavras, isso significa que seu IDH é o 1º no mundo.
Bem... quase igual a nós!! Temos uma área de 8.514.876,599 km² e 04 tipos diferentes de climas: tropical, equatorial, subtropical e semi-árido. Estamos na América do Sul, e só não temos fronteiras com o Chile e o Equador. Os números referentes à educação de nosso povo podem ser expressivos, mas a boa qualidade da aprendizagem nos diversos níveis é questionável. Nossa economia é igualmente capitalista e somos bem mais ricos em muitos aspectos.
Grande parte de nossa população de 188.181.069 habitantes pertence às classes C, D e E, e “come o pão que o diabo amassou com o rabo” para sobreviver num país cujo IDH é o 69º do mundo. E olha que o número 69, por si só, já lembra sacanagem!
Antes que prossigamos, é melhor informar o que vem a ser IDH. É uma sigla que significa Índice de Desenvolvimento Humano. Trata-se de “uma medida comparativa de pobreza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente o bem-estar infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento em seu relatório anual”.
Voltemos, então, a comparar o IDH da Noruega e do Brasil: eles estão em 1º lugar do mundo, nós no 69º.
Sabe quais países do continente americano têm colocações melhores que nós? Estados Unidos (8º), Barbados (31º), Argentina (36º), Chile (38º), Uruguai (43º), Costa Rica (48º), Cuba (50º), México (53º), Trinidad e Tobago (57º) , Panamá (58º), Antígua e Barbuda (59º) e República Dominicana (68º). A gente agüenta um negócio desses? É mole saber que a Argentina tem um IDH tão melhor que o nosso? E a Noruega, meu querido, que está em 1º lugar? É de doer, não é não?
Ao que parece, as pessoas que nem imaginavam que existia esse índice das Nações Unidas (e talvez nem saibam, também, o que venha a ser isso) já conseguiram nos “vingar”.
Em matéria do dia 12/04/2007, no Jornal Hoje, o repórter Evaristo informou que uma pesquisa realizada em 46 países revelou que o brasileiro é o povo mais vaidoso do mundo. Isso porque 87% dos brasileiros entrevistados declararam que estão preocupados com suas aparências o tempo todo (eu estou nos outros 13% que não pensam assim). “Ganhamos dos portugueses (79%), o segundo povo mais vaidoso, e dos gregos (76%), que no quesito preocupação com a beleza ficaram um terceiro lugar.” Adivinha quem foi o último colocado? Ela! A Noruega!
Isso quer dizer várias coisas, entre elas que enquanto os brasileiros ficam cuidando dos cabelos, das peles, dos cremes, das lentes de contato coloridas, dos bronzeamentos artificiais, dos piercings e de roupas na moda, os noruegueses não estão nem aí.
Vai ver que não existe norueguês feio. Se existirem, talvez eles não se vejam assim. Pode ser que eles pensem que a questão de vaidade é boba demais para as cabeças deles. Também é possível que eles considerem essa questão como exemplo típico de futilidade humana e de povo subdesenvolvido.
Se a última hipótese for a razão mais forte para eles não se preocuparem com vaidade, talvez signifique que os 87% dos entrevistados brasileiros da referida pesquisa são, de alguma forma, como os bacalhaus noruegueses: sem cabeças!
Assim fica difícil melhorar o nosso 69, pessoal! ( Rs,rs,rs...)