ENGANADORAS
Peço àquelas que, apressadamente, tiram conclusões do que lêem, que cheguem ao final antes de esbravejar.
Continuando a valer-me de notícias ou comentários recebidos através da televisão, vou tentar discorrer sobre um assunto que, conforme pedi acima, tem que ser lido na sua totalidade, a fim de que nenhuma das duas pontas deste nosso encontro saia prejudicada.
Em um dos blocos do programa Tudo a Ver, da TV Record, uma apresentador, discorrendo sobre a fabricação de soutiens, apresentou um modelo daquela peça de roupa feminina dizendo-a símbolo da liberação das mulheres, já que o uso daquela parte do seu vestuário a ele eram obrigadas pelos homens. Eu, particularmente, discordo. Acho que o soutien (aquilo que sustenta) tem lá suas razões de ser, sejam de natureza estética ou funcional. Daí a obrigar a uma mulher a usá-lo ou não, é outra conversa.
Aliás, essa justificativa de que as mulheres fazem tudo com a simples finalidade de atingir-motivar-impressionar-conquistar os homens precisa ser revista. Desde muito jovens elas já se preocupam com a alteração da sua aparência. A sua altura é modificada por impressionantes saltos de sapato. Acredito ser um tormento passar o tempo todo se equilibrando para ostentar uma altura que não têm – tomei consciência disso ao perguntar a uma amiga de trabalho qual o motivo daquele quilométrico bico-fino do sapato que estava usando. Tenho uma imensa dó daqueles dedos. Mas dizem que, assim, ficam mais elegantes para os homens quando, na verdade, querem ficar o mais possível parecidas (ou não tão distantes) com as outras mulheres.
Esmaltes e maquiagem são outras “armas” usadas. Colorem, SEMPRE, seus rostos e unhas. Não importa o tempo que levem nessa “operação” para modificar sua aparência original. Sem, para tanto, consultar seu namorado/noivo/marido/amante. Modificam-se para mostrar às amigas-inimigas que também são bonitas e atualizadas. As novidades do mercado provocam, quase sempre, uma corrida ao comércio para serem as primeiras a usá-las. E não importa o quanto vão gastar. Para, no final da noite, quando realmente vai ficar sozinha com o seu acompanhante, remover tudo. E comentar sobre como as outras estavam mal maquiadas.
Enganam, também, à frente do seu guarda-roupas. Enquanto o acompanhante com seus três ou quatro ternos à disposição desvencilha-se da tarefa em poucos minutos, ela gasta horas pensando no que vai usar, para chegar à triste conclusão de que não sabe o que vai vestir, que não tem uma roupa adequada para o evento. É sempre a mesma rotina. Pensa no que usará fulana, como estará vestida cicrana e por aí afora. O pobre pretenso alvo daquela atenção, o paciente e inconformado acompanhante, tem que ir se servindo de algumas doses do seu uisquinho para agüentar a indefectível decisão da sua amada.
Creio que seria muito difícil para elas pertencerem a uma tribo indígena, já que trocam a cor do cabelo inúmeras vezes durante a vida. Ora louras, ora morenas, resta ao pobre diabo que as acompanha iludir-se com a reles sensação de que, a cada vez, está com uma mulher diferente.
O título do artigo pode sugerir que as estou diminuindo, que tenho algum desprezo por assim agirem. Ledo engano. Tenho apenas a vontade de que sejam autênticas, de que sejam como realmente são e nós as queremos de qualquer maneira. Sabemos, no final da conversa, que nós as conhecemos. Sem as vaidades que as transformem em outras mulheres.
Até porque, se elas realmente quisessem se tornar bonitas para nós, deveriam perguntar como é que queríamos que elas estivessem. E, na maioria das vezes, estamos de olhos fechados para dizer o quanto as amamos.
Muito...