MAIS UMA MULHER NA MINHA VIDA

Ela desde pequeninha adorava lápis de cor, pinceis coloridos e papel, mas principalmente revistinhas para colorir.

Por horas ficava quietinha entretida pintando.

Quando se sentia entediada me chamava para sentar no chão ao seu lado para pintarmos juntos, não parava nunca.

E lá ia eu, tinha que sentar no chão onde depois de algum tempo passava a sentir dor nas costas e no corpo inteiro.

Dava-me uma revistinha e dizia:

- Vovô pinta essa aqui.

Sentado desconfortavelmente no chão, pegava a revistinha e quando escolhia um lápis de cor para começar a pintar, ela tirava da minha mão e dizia:

- Essa cor não vovô, é feia.

E me dava outra da sua preferência.

Eu tinha que pintar com a cor que a madamezinha autoritária me determinava.

Quando terminava uma parte do desenho, e ia escolher outra cor para continuar pintando ela interferia novamente:

- Essa cor não vovô, pinta com essa que vai ficar mais bonito.

Alem de me encontrar em uma posição terrivelmente desconfortável, com dores pelo corpo todo, ainda tinha que pintar com as cores que ela queria.

Tudo bem... E assim eu passava horas ali sob tortura de amor.

Quando se alfabetizou, trocou a pintura pela escrita.

Vivia escrevendo historinhas que me enviava por e-mail.

Para essa criançada de hoje a internet é tratada como se sempre houvesse existido.

Guardo com muito amor e carinho todos os seus escritos, onde observo o seu amadurecimento com o passar do tempo.

De repente, as historinhas que falavam de cachorrinhos perdidos, castelos cheios de chocolates, príncipes e princesas, começam a falar de amor.

Percebi que a minha menininha começou a se interessar pelo sexo oposto.

Não é corujisse de avo, mas desde que aprendeu a ler e a escrever eu senti que ela tinha jeito com as palavras.

Há uns dois meses atrás sugeri a ela que abrisse uma página no Recanto e começasse a publicar suas poesias, e todo orgulhoso passei a fazer comentários sobre seus textos.

A minha menininha que gostava de pintar revistinha agora passou a escrever sobre o amor, até então eu ainda não havia me convencido que ela crescerá e se tornara uma mocinha.

Recentemente ela me indaga:

- Vô, o Sr. viu que eu tenho mais acessos do que o Sr. no Recanto.

- Como assim? Eu nunca fiquei ligado nesse negócio de acessos, gosto dos comentários feitos pelas pessoas que lêem meus textos, muitas vezes são melhores do que os próprios textos que escrevo.

Lá vem ela, com seu rostinho lindo:

- Vô... O que importa não são os comentários, mas o número de acessos que você recebe. Se amanhã escrever um livro saberá se as pessoas vão comprar ou não.

- Acontece Gaby que não vou escrever livro nenhum, eu escrevo apenas por lazer, e como chegou à conclusão que tem mais acessos se eu escrevo no Recanto há mais tempo que você?

- É fácil vô, é só pegar o numero de acessos de cada um e dividir pelo numero de textos publicados, os meus proporcionalmente são mais acessados que o seu.

Já irritado:

- Eu sei matemática não precisa explicar.

Vou ter que fazer essa conta.

Agora sim estou convencido que a minha menininha esta virando uma mulher de verdade.

Estou começando a sentir saudades do tempo que só doía a minhas costas, e ela não me deixava escolher as cores.

Mas enfim o que eu posso fazer? Ela cresceu.

Meu Deus do céu...

Mais uma mulher na minha vida

Duda Menfer
Enviado por Duda Menfer em 09/05/2011
Reeditado em 03/08/2021
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