CORRENDO ATRÁS DO RISO
 

Noite alta, só não sei se o céu era risonho, no entanto a quietude era quase um sonho e os meus passos soavam solitários dentro da casa silenciosa. O que buscava...? Eu sempre busco a verdade, mas a verdade que não traga ao menos um riso , diz Zaratustra, mas parece uma verdade falsa.


Deixemos a verdade de lado e vamos “encangar grilos”  correndo  atrás do riso, ou melhor, atrás do médico Frances Laurent Jouber que em seu Traité du ris (1579) , que é um verdadeiro catatau de teorias, explica direitinho o enigma do riso. Entre outras coisas, sustenta Jouber que o riso é uma das maiores maravilhas do mundo e diz ser um milagre que, se não fosse tão comum, todo mundo se surpreenderia ao ver o corpo sacudir violentamente em um instante.


E a causa do riso, advém de onde? Jouber afirma que vem da matière ridicule, a chose ridicule ou ainda les ridicules. O que não difere – comenta Verena Alberti - da tradição teórica que domina durante muito tempo a história do pensamento sobre o riso e que remonta à Poética de Aristóteles: o que provoca o riso é um defeito ou uma deformidade indignos de piedade. Ai eu pergunto: onde entra a “coisa divina” atribuída ao riso pelo doutor frances,  se o ato é "frívolo,   por vezes desumano?"  E como se processa o ato do riso? É assim explicado:
Como toda paixão, a afecção do riso só se consolida no coração. O objeto risível penetra no cérebro através dos sentidos da visão e da audição, chega em seguida ao senso comum, de onde parte imediatamente para a sede da faculdade que lhe é própria, isto é, para o coração.
 
E ai eu me lembro de Shakespeare... tanto barulho por nada... ou melhor para explicar o simples ato de sorrir e até chegar à conclusão que rimos pelo coração.
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 09/05/2011
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