Escutando os corações...
Hoje a Bruna, minha filha do meio, precisava fazer uma descrição do bater do coração de um bebê...
Reportei-me às minhas gestações, relembrei, “curti”, revisitei cada um deles, dentro de mim, como se fosse hoje... a emoção que senti ao ouvir os três corações batendo... cada um a seu tempo.
Minha descrição não é científica (embora eu seja bióloga), mas, cheia de emoção por ter tido a benção de gerar cada um deles...
Minha barriga estava crescendo dia a dia, eu nem sentia ainda os movimentos começarem dentro de mim; na consulta mensal, o que se faz em todo pré-natal: exames e mais exames.
Nunca vou esquecer a primeira vez que ouvi o som de seus corações.. foi uma alegria única (três vezes, uma única para cada um).
Era um som fraco e rápido, que eu e teu pai nem ouvíamos com clareza, um soprinho, uma aragem, mas, choramos até...
Para o médico, apenas mais uma consulta, apenas mais um bebê, apenas mais um coração a bater. Devia pensar... são pais de primeira viagem, e éramos, até no terceiro filho.
Outras consultas, outros exames, outras auscultações... Conforme vocês cresciam, aumentava o som em volume e em velocidade, no final da gestação, pareciam locomotivazinhas: shuk, shuk, shuk, shuk...
O nascimento, a curiosidade, a ansiedade e a angustia de ver cada um de vocês, senti-los nos braços, colocá-los junto ao rosto e mais uma vez, ouvir seus corações batendo.
Obrigada, Bruna, por me fazer viver e não apenas sobreviver, por alguns minutos, esquecer os problemas, voltar a um tempo onde eu tinha sonhos, expectativas em relação ao futuro, era ingênua assumida e adorava ser.