Estamos esquentando os tamborins...
Espaço do Rui
Estamos esquentando os tamborins...
Rui Batista de Albuquerque Martins / Jornal Ipanema
O sorocabano é comprometido com a alegria. Gosta de carnaval. Inclusive o Renato Amary, que, quando jovem, foi animado folião. Aliás, no discurso de despedida da Prefeitura de Sorocaba, ele se manifestou: “É mentira que não gosto de carnaval. O que nunca concordei é que o dinheiro público seja gasto com carnaval!”
Agora, no governo Vitor Lippi, a Prefeitura de Sorocaba recebeu, como presente do governo do Estado, a exibição da premiada escola de samba paulistana “Barroca Zona Sul”. E ela vai desfilar em plena rua São Bento, como nos carnavais saudosos dos velhos tempos. Deda (Djalma Luiz Benetti, futuro secretário da Cultura) rapidamente decidiu convocar pessoas que gostam do carnaval para uma reunião, a fim de que os foliões sorocabanos também participem dessa noite festiva. Resultado: antigos sambistas, alguns blocos carnavalescos e técnicos em turismo se fizeram presentes. O sangue ferveu. Todos querem se apresentar, a fim de que o carnaval de rua tenha uma arrancada e Sorocaba reviva os bons carnavais de antigamente, inclusive com corso de carros decorados, encabeçados pelo bloco “Alegria, Alegria”.
O povo precisa de festas. O povo quer ser feliz. O povo quer diversão. Uma diversão descontraída, pura, sem violência. Uma festa carnavalesca onde todos compartilhem instantes inesquecíveis. Bellotti, delegado da Polícia Federal, esteve presente. Quando jovem, foi um dos fundadores do “Bloco do Kaká”, que mais tarde veio a se transformar em escola de samba, associado à carnavalesca Letícia Moretti, um nome incorporado à cultura sorocabana. Suas luxuosas fantasias fariam sucesso até nos mais badalados concursos do Rio. Estava ao lado do Paçoca (Paulo Guimarães), também fundador do bloco e um dos maiores defensores do carnaval de rua Sorocabano. “Vivemos grandes momentos e fizemos muita história, como o Manoel Motta da Silva, da TCM e diretor da ASI, que foi o primeiro carnavalesco a trazer trio elétrico às ruas de Sorocaba”.
A beleza do carnaval não está contida apenas em fantasias, lantejoulas, confetes e serpentinas. Nem mesmo em cada samba ou enredo de escola de samba. Ela esta enfeixada no processo chamado cultura. Aí é que reside o valor e a graça. Cada compositor, sambista, passista, diretor de escola ou bloco, tem a sua importância histórica e a própria emoção pelos momentos vivenciados. As dificuldades, as lutas, as decisões, os ensaios, a saída nas ruas merecem cuidados especiais. Todos os detalhes são pensados, estudados e avaliados para o grande acontecimento. Para o momento em que todos se tornam iguais, independente de cor, raça ou credo. Todos se transformam em artistas no picadeiro do asfalto. Cada carnavalesco exibe seu talento, sua alegria, o seu corpo. E nem mesmo a chuva que sempre cai o esmorece. Ele a recebe num banho de benção divina. Longe de ser festa pagã ou satânica, o carnaval é um culto à vida, uma exibição de alegria, um agradecimento a Deus. Daí a razão do poetinha Vinicius de Moraes cantar: “Fazer samba é uma forma de oração”.
Vamos todos nos encantar com o carnaval. Vamos preservar a manifestação popular mais democrática que existe. Vamos apoiar blocos, escolas, clubes e legar aos nossos filhos uma festa cada vez maior. Porque um povo trabalhador, competente e carinhoso como o nosso merece viver alegremente. E carnaval é vida. Talvez a maior comemoração da alegria de viver. Porque todas as diferenças são esquecidas e todos alimentamos nesse movimento a esperança de um dia conhecer a paz.
Rui Batista de Albuquerque Martins
é jornalista e publicitário
Link: http://www.jornalipanema.com.br/home.php?pg=4&num=1
Data: 30 de janeiro de 2005
Fonte: Jornal Ipanema
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