Meu último dia das mães
Ano passado ganhei um dia de salão como presente do dia das mães. O marido me levou lá, no sábado, e disse: - deixe minha mulher bem lindona, amanhã é dia dela e quero que ela fique como uma rainha! Que delícia!! E a maratona começou. Depilação, manicure, pedicure, massagem, escova progressiva, tudo que eu tinha direito! Não sei o que houve, mas o maridão não economizou!
Saí do salão já no fim da tarde, nem almoçar, eu almocei, mas também nem lembrei que tinha estômago. Aliás, que mulher que passou o dia no salão vai se lembrar de um mero detalhe desses?? Nenhuma!!!!! Cheguei em casa e os comentários foram muitos. Por incrível que pareça o marido elogiou! Deve ser por foi ele que pagou a conta, né!! Tinha mais é que elogiar mesmo! Domingo chegou e o dia das mães junto. Passamos na casa de todas as mães das nossas vidas para dar um abraço e levar uma lembrancinha e, rumamos para uma festa na casa de amigos.
E eu, toda poderosa que estava, unhas feitas, cabelos lisos, lindona! Estava vestindo o vestido novo que ganhei dos filhos, sandália que ganhei da minha mãe, enfim, estava renovada, de corpo e alma. Chegamos a tal festa e a bebida já rolava solta, desde cedo. Todo mundo muito alegre, feliz e se divertindo. Eu, como não bebo, fiquei só no refrigerante e água mineral mesmo. Acho que eu era a única pessoa maior de dezoito anos que não estava consumindo nada alcoólico por ali.
O almoço foi servido, tudo muito bom, sobremesa, bolo, doces, tudo maravilhosamente deliciosa. Até ali a festa estava uma beleza, até que um engraçadinho resolveu jogar as pessoas na piscina! Eu pensei, bom, eu não pulo ali nem amarrada. Estou de vestido e minha escova tem que ficar intacta por três dias pra poder fazer o efeito duradouro, então, nem pensar! E como todo mundo sabia que meu marido é extremamente ciumento, chega até ser ignorante mesmo, dependendo da situação, ninguém vai se meter a besta comigo! Ledo engano! Foi o “Polako” entrar no banheiro, que dois indivíduos chegaram por trás, e foram me empurrando pra piscina. E não adiantou eu implorar, falar do cabelo, que o Polako iria ficar bravo com eles. Uma covardia, aproveitaram-se da força deles e que, ainda por cima eram dois, e me jogaram na piscina. E lá se foi a escova, o vestido ficou transparente, um horror. Mas o pior ainda estava pra acontecer. O Polako saiu do banheiro e me viu naquela situação absurda. A “festa” caiu! Não foi nem a casa, foi a festa mesmo! Imaginem um homem furioso, então, multipliquem por quatro. Esse era meu marido! E a fúria emanava dele! Era pela ousadia de terem encostado a mão em mim, pela escova progressiva que havia custado o olho da cara e estava estragada e juntou as cervejas que ele já havia tomado, enfim, virou um pandemônio, uma catástrofe geral!
Ainda bem que meus filhos haviam ficado com a minha mãe, então eu somente tinha que me preocupar com o marido enfurecido. E o pior, ou melhor, sei lá, é que os sujeitos nem eram nossos conhecidos e, quando viram a brabeza do gaúcho, trataram de sumir dali, evaporaram, literalmente! Não precisa nem dizer que, depois disso, nós fomos embora, né? Eu, toda molhada, escabelada, meu vestido novinho rasgado, pois eles conseguiram rasgá-lo a hora que me jogaram na água. Minha mãe levou um susto a hora que me viu naquele estado, mas, fazer o que, o que estava feito, estava e pronto. Pegamos as crianças e fomos pra casa, tentar descansar e esquecer aquele dia desastroso!
E hoje, um ano depois do ocorrido, eu estou aqui, escabelada, de pés no chão com apenas uma vontade, a de passar o dia com meus filhos! Nada de sair da rotinha costumeira do dia das mães! Nada de bêbado por perto de mim! Somente isso, meus filhos, minha mãe, as pessoas que realmente dão valor pros meus mínimos detalhes, que se importam com a minha escova e que jamais fariam nada que estragasse a minha felicidade. Pelo menos não de propósito. Assim aprendi o valor que um simples dia das mães tem, que um simples dia na casa da minha mãe tem. O amor mora ao lado, é só sabermos enxergá-lo!