O Grande Zuza

Buscando dados sobre o grande jogador Zuza, acredito que o seu 1º jogo aconteceu em 1932, pelo S. C. Corinthians Paulista, contra o C. A. Juventus, no dia 1º de maio daquele ano. Os dados desse jogo são:

S. C. Corinthians Paulista 5 x 4 C. A. Juventus. O clube grená tinha um grande time de futebol naquela época, com o profissionalismo já batendo às portas dos Clubes. O Juventus formou com José, Segalla e Piola; João, Brandão e Rafa; Vazio, Nico, Orlando, Moacir e Hércules.

Hércules e Brandão foram craques na Seleção Brasileira, no mundial de 1938, na França. O S. C. Corinthians Paulista formou com Onça, Juvenal e Amador; Nerino, Parra e Munhóz; Aparício, Zuza, Mamede, Guimarães e Staffen.

Já no começo do profissionalismo, vamos encontrar Zuza fazendo 6 gols contra o Sírio, em partida válida pelo campeonato paulista de 1933. O resultado foi Corinthians 10 x 1 Sírio. S. C. Corinthians Paulista com Rede, Jaú e Nascimento; Brito, Guimarães e Munhóz; Boulanger, Baianinho, Mamede, Zuza e Carlito. O Sírio formou com Abdalla, Silvério e Luiz; Chaim, Miguel e Durval; Eduardo, Zaidam, Del Grande, Caetano e Taciolli.

Zuza ainda participou de S. C. Corinthians Paulista 3 x 0 Santos F. C. em 1934. O Corinthians formou com Jaguaré, Jaú e Jarbas; Brito, Guimarães e Munhóz; Carlinhos, Baianinho, Mamede, Zuza e Neri. O Santos jogou com Ciro, Badú e Arlindo; Alfredo, Dino e Ramón; Mendes, Camarão, Raul, Logu e Vitor. Nesta partida estiveram presentes pelo Corinthians, Brito e Jaú, que defenderam o Brasil na Copa de 1938.

De 1934 a 1939 não encontramos referências sobre as atuações de Zuza, mas em 1940 Zuza estava no Palestra Itália fazendo os seus gols, como no clássico contra o São Paulo, vencido pelo alviverde por 3 x 1. O Palestra formou com Gijo, Carnera e Beluomini; Garro, Oliveira e Del Nero; Echevarrieta, Canhoto, Zuza, Lima e Pipi. O São Paulo F. C. formou com King, Anibal e Iracino; Damasceno, Válter e Orozimbo; Mendez, Armandinho, Hemédio, Remo e Paulo. Nesse ano de 1940, Zuza foi campeão paulista pelo Palestra Itália.

Depois de jogar muitos anos em São Paulo, Zuza veio jogar no Guarani F. C., de Campinas. Na época o bugre era amador, como todos os clubes do interior. Porém, todas as cidades do interior tinham grandes equipes, muitas vezes comandadas por prefeitos, banqueiros e esportistas de posses. E Campinas não fugia à regra. O Guarani havia sido vice-campeão do estado em 1943 e em 1944, foi o campeão paulista do interior. Para ser campeão a tarefa era muito espinhosa.

Tinha, primeiro, de ser campeão de sua cidade, depois vencer os campeões de sua região, e no final vencer um torneio de 4 campeões regionais. Em alguns anos o campeão paulista do interior (que era amador) tinha de disputar com o campeão amador da capital, que era um celeiro de grandes jogadores para as equipes profissionais. Mas com tudo isso o Guarani foi o campeão amador do Estado em 1944, jogando com Renê, Nenê e Tiziani; Fricote, Silva e Pavuna; Alemão, Bibiano, Zuza, Caio e Machadinho. Naquele ano, Zuza fez uma enxurrada de gols.

Certo dia, porém, Zuza foi embora. O Guarani não ia bem no campeonato da cidade e como sempre a culpa recaia sobre os mais famosos.

Zuza estava em São Carlos, sem jogar a algum tempo, quando vários diretores do Guarani foram de trem a São Carlos, para convencê-lo a voltar a jogar pelo bugre. E Zuza atendeu ao pedido dos dirigentes do Guarani.

Para comemorar sua volta ao Guarani, os dirigentes campineiros trataram um jogo contra o C. A. Ipiranga, clube paulistano, profissional da Primeira divisão paulista. O Ipiranga era uma equipe muito boa. Um celeiro de craques. Seus dirigentes enxergavam muito bem e onde houvesse um bom jogador na várzea de São Paulo, ou mesmo no interior, levavam-no para o clube conhecido como o “vovô da Colina Histórica”, que tinha um campo na Rua Sorocabanos, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

Eu fui assistir a esse jogo, em 1946. O resultado foi Guarani 4 x 1 Ipiranga. O Guarani formou nessa partida com Pelá, Nenê e Tiziani; Risada, Silva e Pavuna; Renatinho, Bibiano, Zuza, Piolim e Alemão. O Ipiranga formou com Oswaldo, Sapóleo e Sapolinho; Garro, Renato e Belmiro; Bráz Peixe, Reinaldo, Cilas, Nenê e Aldo. Zuza, fora de forma e sem treinar há três meses, fez 2 gols.

Para quem não o viu atuar, poderíamos dizer que Leônidas da Silva chegou a considerar Zuza o melhor centroavante do Brasil. Zuza era rápido dentro da área, tinha um drible seco, e a frieza e o oportunismo dos grandes centroavantes. As faltas batidas por ele eram quase sempre gols. Para a cobrança de pênaltis, Zuza ficava do lado da bola, nunca olhando para o goleiro. O juiz apitava e ele ficava de frente para o gol e chutava. A bola quase não chegava às redes. E ninguém pode contar que Zuza perdeu algum pênalti. Naquela sua volta contra o Ipiranga, Zuza fez dois gols de jogadas. Os irmãos Sapóleo e Sapolinho o estavam marcando nessa partida. Eram zagueiros muito seguros e tecnicamente muito bons.

Um jogador que algumas vezes me lembrava o Zuza era o Romário, que no meu entender foi o melhor atacante brasileiro, de alguns anos para cá, isto é, sem envolver Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos.

Laércio
Enviado por Laércio em 07/05/2011
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