O Amor Sentido e o Amor Escrito

Tenho caminhado sem rumo por esse site, procurando ler algo que me toque, que me atinja no mais profundo. Não tenho encontrado.

Aqui, o mundo parece muito mais um lugar abandonado. Um lugar de pessoas sós, pessoas SOS, diria alguém.

O que mais tenho lido fala de amor. E é impressionantemente fácil ler das mãos de alguém um eu te amo ou amarei você para sempre. O que me pergunto é: essas pessoas sentem isso que dizem sentir?

O amor é algo tão banalizado. É tão banalizado dizer que o amor é banalizado. É frase de quem quer parecer que entende da vida. Frase para se fazer cara de conteúdo.

Ainda não entendi o porquê de as pessoas quererem sair por cima numa história de amor. A não ser no sexo, não há outro momento em que se fica por cima no amor.

Talvez, alguém já tenha experimentado isso, mas não acredito que isso exista.

Minha experiência amorosa (digo no singular, por ter sido apenas uma) até hoje me ensina algo. Mesmo não podendo viver aquilo da forma como eu gostaria, tinha no meu modo de viver esse amor uma conexão que eu não vejo possível de ser representada por nenhum dos textos que eu li aqui.

O amor dói e as pessoas parecem não sentir a dor do amor.

O amor é gozo e eu não leio as pessoas num gozo pleno quando escrevem.

Simplesmente, não consigo acreditar que aspirantes a autores consigam expressar o amor.

Não se enganem com o que eu digo ser a expressão do amor. O amor não expressa a si próprio; ele faz alguma coisa se expressar em nós. O amor nos dá estilo.

Infelizmente, eu não amo as letras. Percebi isso por que algumas pessoas ao meu redor as amam, e esse amor as faz se relacionar com as letras do modo mais simples que existem: elas leem. Ler é o maior ato de fé e de devoção que se pode fazer às letras.

Acho que afirmo que os escritores não amam as letras. Acho que é verdade. Da mesma forma que, segundo alguns psicanalistas, para se ter desejo por uma mulher, o homem tem que ter um mínimo de desrespeito, o escritor tem que ter o mínimo de desrespeito com as letras.

Amor por uma pessoa; amor pelas letras. Os dois são parecidos. Nos dão o que pensar e nos põem em situações verdadeiramente clarificadoras sobre nós mesmos.

Então, se nós que escrevemos as letras não as amamos, esses que dizem tanto do amor, amam?