Maio, nunca mais será o mesmo II
 
Falta pouco mais de um mês pra cmpletar um ano que ela ficou encantada, partiu deixando saudades, levando consigo muito amor, serenidade e um jeito todo especial que guardarei sempre em minhas memórias afetivas. Um jeito calmo de ouvir, de falar, um jeito terno de olhar, de perceber e saber exatamente das palavras cálidas, ou dos silêncios gritantes de cada filho (a) que criou.

Refiro-me a minha adorada mãe, a pessoa que mais amo na vida. Lembro-me que, onze dias antes dela partir, conversávamos, ríamos em seu aniversário. E houve um momento em que diante da máquina digital, seu olhar, por alguns instantes, ombreava uma ternura carregada de tristeza, talvez   porque sentia que era a última vez que vivenciaria aquele momento com a família.

 Então, em meio a abraços, risos e mimos, fiquei a observar cada movimento dela, cada gesto e acariciava seu rosto, deslizava meus dedos em seus cabelos, segurava suas mãos, alisava seus dedos e encostava meu rosto ao dela sem nada falar, expressando meu carinho de coração por ela, minha amada mãe. Como pedia a Deus a graça dela voltar a enxergar... Mas minhas orações foram todas em vão. Pedi, confiei, esperei, mas Deus não quis. E era tudo que ela queria: voltar a ver a luz. Mas enfim, ela partiu sabendo que era muito amada, muito querida. Foi corajosa, enfrentou o diabetes, linfoma e conviveu sem a luz dos seus olhos por um ano. Via apenas com o coração. Uma alma que nesta vida só fez o bem. Amava não só em palavras, mas em testemunho de vida.

Assim, hoje lembrei  de um dos meus textos mais carinhosos que tenho “Maio, nunca mais será o mesmo”. Quando escrevi este texto, no ano passado, quase num conseguia terminá-lo porque ele foi escrito, não pelos meus dedos, mas pelas lágrimas de alguém que  se sentia totalmente impotente naquelas circunstancias. Hoje, minhas lágrimas são de saudade. No entanto, o que me consola é saber que ela está bem, está sob a luz eterna.

Contudo, o mês de maio pra mim, jamais será o mesmo, visto que era o mês que minha mãe mais gostava e que sempre a família se reunia pra prestigiá-la.


Não sei se o fato de ser mãe deixa a mãe mais emotiva neste período, ou se é porque o fato de ser filha denota a presença de mãe, só sei que maio, parece ter perdido o encanto desde o ano passado pra mim.

Quantas vezes minha mãe  fez-me sentir protegida, mesmo sem morarmos juntas depois de adulta. Lembro bem quando saí de casa vi seus olhos me pedindo pra ficar e nunca esquecerei aquela voz que me dizia:

“-Sei que criamos nossos filhos pro mundo, porque os filhos criam asas e querem voar, mas não se esqueça que te guardarei em meus olhos, em meu coração. Sempre olharei por você”.

Mesmo sem me ver no último ano de sua vida,tinha a certeza que antes que o sono me volvesse, havia um Pai Nosso Sagrado que era rezado por cada filho.

São tantas as memórias afetivas, que não cabem num mês de maio e nem em nenhum outro, são infindas as recordações de amor. Dentre elas, o sono velado quando criança e adolescente e as historias contadas pra dormir. Uma das coisas que sempre admirei foi nunca ter presenciado alterar a voz ao meu pai e sempre aconselhar os filhos a não retribuir o mal com o mal, e sim procurar fazer o bem, respeitar as pessoas, ouvir mais que falar e evitar proferir palavras negativas, buscando o otimismo em qualquer situação; retirar-se  ao ver alguém falando mal do outro, ou ficar calado se não poder defender. Ou seja, minha mãe sabia muito da vida. Era uma pessoa que falava pouco, mas alguém de atitude, iniciativa.

Uma mulher simples, criada na roça, de pouco estudo, mas de muita sabedoria.Era alegre, otimista e acima de tudo, companheira, amiga.
Às vezes penso que a vida é apenas um ensaio, um rascunho da eternidade, ou um sopro pro mistério divino, por isso, é bom que não nos escravizemos a coisas que o tempo destrói coisas matérias, visto que tudo vira partículas agregadas ao tempo na finitude dos dias e das horas em que se encerram os momentos vividos, ou não de nossa historia.

Por fim, penso que todo dia é dia das mães, porque todo dia alguma mulher no mundo protege uma vida em seu ventre e se torna uma cuidadora, mas que isso, se torna (ou pelo menos é pra se tornar) alguém com a missão de aprender no cotidiano a cuidar e educar pra vida, com amor, doação e responsabilidade. Quantas pessoas choram por não ter tido afago, colo de mãe e por sequer ter conhecido uma mãe... Pessoas que sabem até, que suas vidas custaram o último suspiro de suas mães, porque tiveram que morrer na hora do parto e tiveram que conviver com este sentimento, esta dor. Então, é sugerivel que tenha ainda sua mãe, não durma sem antes  demonstrar seu amor por ela, no mês de maio e em todos os dias que seguem.




Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 06/05/2011
Reeditado em 04/07/2014
Código do texto: T2953648
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