O CHORO DOS FORTES

Certamente você, nobre leitor, ja deve ter conhecimento do modismo que vou comentar: O modismo da pressão social!

É pressão em casa, pressão no trabalho, pressão na escola, pressão na rua, pressão, ou melhor, "preção" do custo alimentício, pressão familiar, pressão alta, pressão baixa, etc e tal.

Um verdadeiro 'rosário' de pressões que a sociedade hodierna está vivenciando, ou melhor, admitindo, permitindo, deixando prá lá.

Percebo que o corre-corre diário, as ânsias de conquistas e mais conquistas, medalhas e mais medalhas, troféus e mais troféus, títulos e mais títulos, prêmios e mais prêmios, está por tornar a humanidade insensível ao promordial: À Vida!

O tempo passa, você descobre que não fez nada do que gostaria de fazer. Fez um curso que não tinha nada a ver contigo, mas como era vantajoso e dava um bom rendimento, meteu as caras. Trabalhou anos a fio num órgão público federal, estadual, municipal, sei lá, e por fim descobre que ficou 30 anos sentadinho naquela gélida mesa, naquela mesmice, sem poder atuar como gostaria, sem promover as mudanças necessárias, afinal tinha que continuar apenas seguindo regras impostas e sua função era apenas executar, nada mais, portanto, tinha que controlar-se!

Nessa vidinha, sofreu intensa pressão social, precisou ostentar carrões do ano, beber importados, usar roupas de grifes famosas, morar numa mansão de 8 quartos, ter dezenas de serviçais ao dispor, infartou de vez em quando, chorou sozinho às escondidas, negou-se à buscar apoio psicoterapêutico, afinal o mundo dita uma regra que temos que ser 'fortes'. Chorar? Não, não! Chorar é indício de fraqueza, ainda mais defronte a um estranho, onde ainda por cima tem que pagar para ele escutar suas lamúrias. Não, não e não!

Batia no peito e dizia: Sou 'forte'!

Esqueceu que só os fortes de verdade choram, os fracos escondem suas mazelas existenciais, Descobre que ostentou um falso peito inflável, mas bastava uma alfinetada para murchá-lo todinho.

Vez por outras, os 'fortes' infartam, morrem abruptamente, terminam seus dias de vida velho, solitário e com um falso sentimento de: "missão cumprida".

Conta bancária recheada de grana deve ser bom, mas, e daí?

Alguém se candidata, ou se arrisca a responder-me quanto custa um quilo de saúde, por obséquio?

- Qual o preço de 300 gramas de afeto?

Parte da grana conquistada sob 100% de pressão (e de depressão), em sua trajetória de vida, vai parar na grama de um cemitério classe A, e, no final, sabe o que resta mesmo?

- Restam as marcas, o legado, o sentimento das pessoas que trilharam seu caminho. Estas sim, podem realmente abrir a boca e dizer em alto e bom tom: - Lá se foi um grande líder, uma pessoa virtuosa, uma criatura marcante, intensa e que viveu cada minuto de sua vida como se fosse o último.

Recadinho do coração: Lute, lute, eu também luto prá chuchu, choro o choro dos fortes, sorrio das minhas escorregadas no palco da vida, afinal, estou em construção ainda, lembram?

Tenho quase meio século de vida e numa luta tremenda, mas eu vivo intensamente e do meu jeito.

Não deixei ninguém escrever uma única página da MINHA história de vida, pois mais tarde não pretendo dizer: -AH, MEU DEUS: ESQUECI DE VIVER!

Contos e Encantos
Enviado por Contos e Encantos em 06/05/2011
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T2953434
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