FATOS QUE A VIDA CONTA - II


Há pouco, lendo o texto do escritor recantista Luzirmil, “A ARTE DE AMAR COM A ALMA - contraposição filosófica” lembrei de um fato que me acontecia quando ainda era criança: o medo de morrer... Para falar a verdade, não era exatamente medo de morrer, e sim de ser enterrada.  Eu achava esse ‘’improviso’’ terrível. (Risos)

Quando morria alguém na família, ou pelas redondezas, eu ficava noites e noites sem dormir pensando na possibilidade da pessoa ter sido sepultada sem estar totalmente morta. Àquilo me deixava tão aflita que perdia até a vontade de comer os bolos de chocolate, deliciosos, que mamãe fazia para o lanche da tarde.

A coisa piorou, assustadoramente, quando escutei mamãe comentar a notícia de que um ator famoso *Sérgio Cardoso, tinha sido enterrado vivo.

- Nossa Senhora! Passei meses sem dormir...

O tempo passou; eu me casei, tive minha filha... Às vezes me surpreendia pensando de que maneira eu iria falar com ela sobre esses assuntos.

No dia 1º de maio de 1994, domingo e dia das mães, se a memória não me falha, estávamos todos na sala de TV, logo após o almoço, foi noticiada a morte do piloto de fórmula I, Ayrton Senna.  Yauanna, com quatro anos incompletos, olhou para mim assustada e sem entender porque chorávamos me perguntou:  mamãe o que é morrer?

Ela não sabia o que era morrer, mas já sabia da existência da ‘’alma’’, e, claro, da existência de Deus.  Então, com muita tranqüilidade lhe respondi: morrer é quando Papai do Céu chama a nossa alma para ficar junto Dele. Quando isso acontece, - como aconteceu agora com o Ayrton -, o nosso corpo, que é a ‘’ casa’’ da nossa alma, não serve mais para nada. Então deve ser enterrado, queimado...

Ela olhou para mim sorrindo, me deu um beijo e foi brincar... Nunca perdeu uma noite de sono pensando em corpos enterrados vivos, ou cremados.

- Graças a Deus!



* Sérgio  Cardoso ( 1925 a 1972 ) 

“Mal o pais se recuperava da imensa comoção causada pela morte de Sérgio Cardoso e uma noticia mórbida, tétrica, que não se sabe de onde surgiu, começou a ser vinculada: o ator sofria de catalepsia, e na ausência de seu medico, Max Nunes, teria sido enterrado vivo.

Dizia-se que quando a família percebeu o logro da morte, desenterrou Sérgio Cardoso que estava virado de bruços, apresentando arranhões no rosto. Durante anos esta história foi contada,aterrorizando o imaginário popular.

Passou a ser uma lenda urbana, causando medo as pessoas fazendo que os velórios no Brasil se tornassem mais longos, adiando por mais tempo o enterro de quem morria de ataque cardíaco.

Em 1980, a TV Globo fez uma reportagem no fantástico, desmentindo os boatos, com depoimentos da família do ator, que afirmava, categórica, que Sérgio Cardoso jamais tinha sido desenterrado. Portanto jamais se constatou que estava de bruços no caixão ou em qualquer outra posição.

Muito menos com arranhões no rosto.”

Dados coletados no  Google