O olhar
O interfone tocou.
Surpreendeu-se. Ainda faltavam 15 minutos para o horário combinado.
Atendeu pensando ser o recepcionista do hotel. Não era.
Era uma voz já há muito conhecida.
- Estou aqui embaixo. Vem!
- Estou descendo. Ouviu-se dizer.
Coração saltou no peito. Foi até o banheiro e retocou o gloss. Cor de boca. Não mais que isso. Olhos e cabelos. A blusa nos ombros. A calça branca na qual percebia-se que havia emagrecido um pouco mais. Tudo bem. Pior seria se tivesse engordado.
Apertou o botão do elevador. Mania de apressado, apertou para subir, para ter certeza que o elevador viria. Ou seria para ter um pouquinho mais de tempo antes de encontrá-lo?
Desceu. Foi até a recepção e entregou a chave. Olhou em volta e viu somente dois senhores, que liam o jornal.
Nada!
Perguntou ao recepcionista pela pessoa que a esperava. Mas, neste momento o avistou. Fingia olhar um painel. Ela sabia que só fingia.
Riu, interiormente. Em passos decididos, porém não completamente seguros dirigiu-se para o canto mais escuro da recepção.
- Berrrrrnarrrrrrdo? Estes benditos nomes que trazem erres após vogais e antes de outras consoantes! Não tinha jeito - qualquer um saberia de imediato sua descendência sulista.
Ele se virou. Olhos nos olhos.
Sorriu.
- Oi.
- Oi.
Beijos no rosto.
Tinha se policiado para lembrar que naquela cidade era costume dois beijinhos ao invés de um. Muitas coisas para lembrar. Felizmente tinha uma memória privilegiada. Poderia, depois de muito tempo, ainda reproduzir cada sorriso, cada olhar, cada palavra.
- Isto é para você – estendeu-lhe o livro de poesias que trouxera especialmente para ele.
- Obrigado. Vamos?
Saíram para a manhã. O que aconteceria naquele dia, nenhum dos dois o sabia. A única coisa que sabiam era que finalmente estavam juntos.
-.-.-
Passado um mês, ainda podia se lembrar com detalhes tudo o que acontecera naquele dia. As conversas, a massagem nos pés, o passeio no fim da tarde, os beijos espelhados nas águas escuras, mas, principalmente, o olhar. O olhar na porta do elevador. Não era um olhar qualquer. Era um olhar que dizia muito. E sabia, no íntimo, que aquele olhar não era para ser esquecido.
O interfone tocou.
Surpreendeu-se. Ainda faltavam 15 minutos para o horário combinado.
Atendeu pensando ser o recepcionista do hotel. Não era.
Era uma voz já há muito conhecida.
- Estou aqui embaixo. Vem!
- Estou descendo. Ouviu-se dizer.
Coração saltou no peito. Foi até o banheiro e retocou o gloss. Cor de boca. Não mais que isso. Olhos e cabelos. A blusa nos ombros. A calça branca na qual percebia-se que havia emagrecido um pouco mais. Tudo bem. Pior seria se tivesse engordado.
Apertou o botão do elevador. Mania de apressado, apertou para subir, para ter certeza que o elevador viria. Ou seria para ter um pouquinho mais de tempo antes de encontrá-lo?
Desceu. Foi até a recepção e entregou a chave. Olhou em volta e viu somente dois senhores, que liam o jornal.
Nada!
Perguntou ao recepcionista pela pessoa que a esperava. Mas, neste momento o avistou. Fingia olhar um painel. Ela sabia que só fingia.
Riu, interiormente. Em passos decididos, porém não completamente seguros dirigiu-se para o canto mais escuro da recepção.
- Berrrrrnarrrrrrdo? Estes benditos nomes que trazem erres após vogais e antes de outras consoantes! Não tinha jeito - qualquer um saberia de imediato sua descendência sulista.
Ele se virou. Olhos nos olhos.
Sorriu.
- Oi.
- Oi.
Beijos no rosto.
Tinha se policiado para lembrar que naquela cidade era costume dois beijinhos ao invés de um. Muitas coisas para lembrar. Felizmente tinha uma memória privilegiada. Poderia, depois de muito tempo, ainda reproduzir cada sorriso, cada olhar, cada palavra.
- Isto é para você – estendeu-lhe o livro de poesias que trouxera especialmente para ele.
- Obrigado. Vamos?
Saíram para a manhã. O que aconteceria naquele dia, nenhum dos dois o sabia. A única coisa que sabiam era que finalmente estavam juntos.
-.-.-
Passado um mês, ainda podia se lembrar com detalhes tudo o que acontecera naquele dia. As conversas, a massagem nos pés, o passeio no fim da tarde, os beijos espelhados nas águas escuras, mas, principalmente, o olhar. O olhar na porta do elevador. Não era um olhar qualquer. Era um olhar que dizia muito. E sabia, no íntimo, que aquele olhar não era para ser esquecido.