"Um quadro torto na parede"
Essas palavras foram ouvidas por Beatriz, certo dia, ditas pelo padre Fábio de Melo, em um canal de cunho católico, a Canção Nova. Então ela me contou que isso fez com que se lembrasse de um fato acontecido em uma das aulas de um curso de especialização que ela fazia em uma universidade pública, e que passo agora a narrar:
Neusa, aluna da turma, uma senhora de certa idade, vinha faltando com regularidade às aulas. Suas faltas, entretanto, eram abonadas por outra colega, ou seja, ela assinava em nome da Neusa, como se essa estivesse presente.
Beatriz me disse que estava indignada. Esse fato não a prejudicava, mas causava um mal terrível à concepção do que ela entendia como ética e uma vez mais a deixava angustiada com as atitudes de certas pessoas que se dizem cidadãs.
E Neusa era nada mais, nada menos que uma professora.
Ao me narrar o episódio, Beatriz questionou: O Brasil é um país que tem jeito?
A realidade dos fatos, crua e dolorosamente nos responde: Não, o Brasil não tem jeito, exatamente porque dele fazem parte pessoas como a professora Neusa.
Beatriz fechou o seu relato dizendo que Neusa, como disse o padre Fábio, em um outro contexto, é simplesmente “um quadro torto na parede”.
Rita Venâncio.