Porta-retrato
Apesar de ser imóvel, de não falar e de não ser capaz de perceber nada, são infinitas as lembranças que um porta-retrato guarda.
Em minha casa há vários deles, todos contando uma história única. Recordações da infância, dos amigos (alguns que desapareceram,outros que prometeram que nunca farão isso), casamentos, festas, “shows” e família.
Eles têm o cheiro do perfume das pessoas, o calor dos abraços, a ternura das palavras ditas e o som das risadas dadas.
Olhá-los, dependendo da foto que neles está, dá saudade, provoca uma sensação de vazio, de certeza de que aquele momento não se repetirá. Mas também preenche com alegria por aquele instante ter existido e sido fotografado.
Um sentimento de proteção bate quando os vejo, porque eles protegem a foto, que me protegem da realidade. Mesmo com a digitalização delas, não vejo uma extinção dos porta-retratos. É que as emoções que eles provocam são insubstituíveis.