AMAR COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ

Estava curtindo alguns dias de férias. Num desses dias de paz, li num encarte de Jornal, sobre o lançamento de um livro que teoricamente ensinaria a pessoa a conquistar quem ela desejasse e a se tornar irresistível. Tratava-se de uma publicação que se propunha a ajudar os leitores a melhorarem o seu marketing pessoal, aumentar sua auto-estima e valorizar o que tem de melhor. Sou do tipo que procura conquistar a mesma pessoa varias vezes e por isso me interessei muito pelo livro. Encontrei inclusive uma sinopse dele. Esperava encontrar sugestões de jantares românticos, insinuações de como escrever belas cartas de confissão de amor, roteiros de viagens a dois, testes de personalidades, maneiras e modos de se apresentar a uma mulher interessante, sugestões para melhorar a capacidade de ouvir e assim, captar as reais necessidades do(a) parceiro(a), entre outras coisas.

Mas, lendo a sinopse, confesso que este ‘manual de conquista’ me decepcionou um pouco.

Só encontrei conselhos narcisistas do tipo: para conquistar alguém você precisa em primeiro lugar estar de bem consigo (até aí tudo bem) e manter o abdômen definido, sarado, perder 5kg em 2 meses, arrebitar o bumbum, usar decotes provocantes, bronzear UVA, etc.

Meu Deus! Ser conquistado virou uma caça, uma guerra de glúteos e silicone.

Desse jeito o máximo que vamos conseguir é um caso de amor (ou ódio) com o nosso espelho enquanto sonhamos (graças à lavagem cerebral a que seremos submetidos) em ser iguais a astros da novela ou modelos do São Paulo Fashion Week. Precisamos ignorar o conceito da sedução a todo custo e baixar a guarda, tornando mais acessível o caminho do coração.

A minha idéia de conquista é basicamente parecer uma pessoa apaixonante, uma pessoa que transforme em conto de fadas a vida enfadonha e o dia a dia que a convivência a dois geralmente propicia. Uma pessoa ouvinte e verdadeiramente interessada nos interesses alheios. Conquistar, na verdade é como uma conseqüência da nossa capacidade de sermos seres humanos com certa medida de carisma. Como disse a musica da Legião Urbana, é ‘amar as pessoas como se não houvesse amanhã’.

Mas, por uma ânsia de resultados (como se o amor fosse uma estatística), podemos acabar parecendo vorazes, carnívoros e egocêntricos. Eu não quero que meu bíceps fale por mim, muito menos me apaixonar perdidamente por uma mulher biônica.

Se eu puder, um dia vou escrever um livro sobre a arte da conquista e principalmente da manutenção do amor conquistado! Não vou citar aspectos físicos e palpáveis. Vou tratar da alma, do interesse mutuo e atividades que aproximem as pessoas e vou dizer que para tudo dar certo é preciso primeiro dar e depois receber.

Martins Filho
Enviado por Martins Filho em 30/06/2005
Código do texto: T29452