POR QUÊ?
 
Olhei para o passarinho Tintim e me quedei a tal beleza e perfeição. E perguntei ao seu coraçãozinho e à sua doce cabecinha se sabia por que o Porquê sempre diz um Não.

Ele me olhou suavemente e como se dissesse pra mim: _ Você não acha melhor prestar atenção e ouvir a música que soa a cada tecla do piano tocando “MOONLIGHT” SONATA do Beethoven (Adágio sostenuto)?

Vi que tinha toda razão e que nosso diálogo ia me levar a nada. Fiquei admirando-o apoiadinho no corrimão metálico da varanda, enquanto descansava do delicioso gole doce sorvido e que passara ausente dois dias inteiros da sua garrafinha, como que esquecida. Não reclamou, mas estava claro o seu questionamento de “como me abandonou dois dias sem a minha aguinha”?

Não lhe respondi, pois confio na sua compreensão. E perguntei mais: _ Por que você é tão belo? Que o faz dar o seu vôo até as árvores numa trajetória perfeitamente geométrica, encantando os meus sentidos? É uma “parabólika”?

Ele só me olhou e foi até a garrafinha tomar outro golinho em estado de delícia, me desafiando... Voltou para o corrimão e me olhou com amor, tal como se fosse o Tiago da Beneficência Portuguesa e disse: _ Você não acha que o meu vôo já te diz muito! Por que quer saber mais? Você sabe muito bem que uma pergunta feita já é a sua resposta.

Ia pedir que me desculpasse, mas achei melhor me recolher a minha pouca sabedoria, deixá-lo à vontade no seu início de dia, nesse primeiro de maio, dia do trabalho, que para ele é igual a todos os outros.

Achei melhor dar-me por vencida e dedicar este texto ao Hermílio e à Parabólika que sintonizam com cada nota desta música. E viver o dia do trabalho, Maria Luiza.