Foto: Morangos orgânicos nas mãos de Carolina - By Ana Flávia Bulek
Minha avó, minha mãe e eu
Não lembro muito bem dos seus traços, mas sei que minha avó era pequenina e mirradinha. Seus cabelos branquinhos e sua voz contralto são dela as minhas mais claras lembranças. Enérgica porém paciente, minha avó, que não podendo ter seus próprios filhos, adotou minha mãe e meu tio. Seu nome era Perpétua, nome que eu achava muito feio quando era criança.
Não lembro bem, mas parece que vovó não sabia ler. Minha mãe, depois de mulher feita terminou a Escola Normal e ensinou até morrer. Eu estudei um tiquinho mais, o que não valeu de muita coisa... Hoje sei que deveria seguir o Magistério como tanto queria meu avô. Minha avó fazia bolinhos e contava histórias do "véio do ribeirão". Minha mãe fazia a melhor torta de banana do mundo e me contava historias da galinha pintada... Eu faço bolo e brigadeiro e preferi ler os Melhores Contos Infantis do Mundo para meus rebentos. Minha avó era submissa ao esposo, como está escrito no Livro Sagrado. Minha mãe adoeceu junto com o alcoolismo do meu pai. Eu cortei o mal pela raiz assim que percebi que não era mais a única.
Minha avó me chamava de Bolota de Barro e trocava nossos nomes, minha mãe, além de trocar nossos nomes, costurava vestidos iguais para suas três filhas. Eu não troco os nomes dos meus filhos mas basta um encontro de família para trocar o nome de todas as minhas sobrinhas lindas.
Minha avó, segundo diz a lenda familiar, não tinha medo de nada, era corajosa e forte, apesar do seu corpo miúdo. Minha mãe tinha medo de tempestades, eu tenho medo da rua, depois que escurece...
Minha avó é lembrança boa de uma infância cheia de cambiras com pirão, banho de ribeirão e goiabas comidas no pé... Minha mãe é saudade do terço rezado com feijões, das balas repartidas, da história da galinha pintada que nunca consegui contar aos meus filhos. Eu sou esperança e fé num mundo melhor para todas as crianças do mundo... que elas, como disse o poeta: - "Cantem livres" - Que elas vivam em paz e tenham fartura em suas mesas.
Este texto foi inspirado na crônica do colega do Recanto
Rangel Alves da Costa
Eu, meu avô e meu pai
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/2933368
Minha avó, minha mãe e eu
Não lembro muito bem dos seus traços, mas sei que minha avó era pequenina e mirradinha. Seus cabelos branquinhos e sua voz contralto são dela as minhas mais claras lembranças. Enérgica porém paciente, minha avó, que não podendo ter seus próprios filhos, adotou minha mãe e meu tio. Seu nome era Perpétua, nome que eu achava muito feio quando era criança.
Não lembro bem, mas parece que vovó não sabia ler. Minha mãe, depois de mulher feita terminou a Escola Normal e ensinou até morrer. Eu estudei um tiquinho mais, o que não valeu de muita coisa... Hoje sei que deveria seguir o Magistério como tanto queria meu avô. Minha avó fazia bolinhos e contava histórias do "véio do ribeirão". Minha mãe fazia a melhor torta de banana do mundo e me contava historias da galinha pintada... Eu faço bolo e brigadeiro e preferi ler os Melhores Contos Infantis do Mundo para meus rebentos. Minha avó era submissa ao esposo, como está escrito no Livro Sagrado. Minha mãe adoeceu junto com o alcoolismo do meu pai. Eu cortei o mal pela raiz assim que percebi que não era mais a única.
Minha avó me chamava de Bolota de Barro e trocava nossos nomes, minha mãe, além de trocar nossos nomes, costurava vestidos iguais para suas três filhas. Eu não troco os nomes dos meus filhos mas basta um encontro de família para trocar o nome de todas as minhas sobrinhas lindas.
Minha avó, segundo diz a lenda familiar, não tinha medo de nada, era corajosa e forte, apesar do seu corpo miúdo. Minha mãe tinha medo de tempestades, eu tenho medo da rua, depois que escurece...
Minha avó é lembrança boa de uma infância cheia de cambiras com pirão, banho de ribeirão e goiabas comidas no pé... Minha mãe é saudade do terço rezado com feijões, das balas repartidas, da história da galinha pintada que nunca consegui contar aos meus filhos. Eu sou esperança e fé num mundo melhor para todas as crianças do mundo... que elas, como disse o poeta: - "Cantem livres" - Que elas vivam em paz e tenham fartura em suas mesas.
Este texto foi inspirado na crônica do colega do Recanto
Rangel Alves da Costa
Eu, meu avô e meu pai
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/2933368