O cego
Um dia, um homem que nunca pode enxergar nem escutar nada, passou a ver e ouvir.
Sorte dele, em estar perto do mato, aonde tudo é belo e bom de ouvir.
Ouviu as vozes da natureza....
Seu primeiro gesto foi de espanto, ao ouvir os passarinhos e o barulho do vento, que debruçava os arbustos e movia as folhas secas do chão. Seus olhos sentiram o frescor dessa brisa, empurrando de volta as lágrimas que queriam sair.
Seus pés tocaram o solo frio, nas pedras verdes pelo musgo, perto da pequena nascente ao seu lado. Lá dentro, na água fria, dois lambarís saudavam sua visita, nadando correnteza acima.
Algumas borboletas amarelas, típicas da estação primaveril, açoitavam suas asas junto as flores silvestres, que coloriam o lugar, e enchiam o ar de doce perfume.
O homem nasceu de novo, pois despertou da sua letargia, intorpecido pelo cimento das cidades, açoitado pelo materialismo dos dias......