Estalo
Um louco dança na calçada, mas quem escuta a canção sou eu.
Um videoclipe instantâneo, único.
Uma senhorita observa uma vitrine, com as mãos nos bolsos do paletó. É com certeza uma meretriz. Trabalha num cabaré não muito longe dali.
Ok! não existem cabarés por ali. Ok! Não existem mais cabarés. Ok! Ela já se perdeu na esquina anterior.
Atrás do volante os olhos estão vidrados no semáforo. Esses olhos parecem encostados no farol vermelho de sangue, parecem descansar sobre uma superfície, que não existe. O esforço para manter o pequeno corpo erguido salta sobre a fresta no vidro. O cabelo louro, curto, cai sobre o olho esquerdo. Verde! O ar se move.
Pichações na parede, na via publica, em frente ao pontilhão, não dizem nada e não representam nada, nada além do caos, da sujeira e urbanidade sul-americana.
Um par, uma confidencia.
Saque no caixa. Saco a arma. A jaqueta cai do ombro. Cai a temperatura.
Trajes de gala, galãs e galinhas, gays, lésbicas, gente e cachorro... Fogos de artificio, vidas artificiais.