Trabalho e Lazer
Hoje, Jean Pierre deve estar no metrô da Porte d’Italie em direção ao Centro de Paris, Île-de-Cité, cantando “L’internationale”, com voz de barítono, lenço vermelho ao pescoço, com outros camaradas da Juventude Comunista Francesa, para comemorarem, nas históricas ruas da Revolução Francesa, onde se originou este evento, o Dia do Trabalho. Grande parte dos países ocidentais, com exceção dos Estados Unidos, comemoram, com manifestações, passeatas e desfiles, esta data, como sendo também o dia do trabalhador. Embora aquele que comemora talvez não trabalhe. Muitos desempregados que, desde que se tornaram profissionais, não encontraram ainda, no mercado de mão de obra, alguma vaga, qualquer oportunidade. Mendigam uma ocasião de trabalho, ao contrário de muitos, sobretudo no serviço público, que já ganharam seu espaço, estabelecidos, e não enfiam mais um prego numa barra de sabão, desinteressando-se pela prestação de serviço. Quanto aos sem emprego, injusta e cruel realidade: ter vontade e desejo de trabalhar e não encontrar onde, mesmo que o mundo esteja carente dos seus serviços. As universidades e os cursos profissionalizantes entregam, semestralmente, à sociedade milhares de jovens com o fervor idealista de como e a quem prestar seus serviços profissionais. Mas, infelizmente irão penar à procura de um emprego, apenas engrossando as fileiras do “exército de reserva”, no frisson da oferta e procura da mão de obra. É isto que acontece na economia do sistema capitalista: a má distribuição de bens afeta também o idealismo do profissional, tratando-o como um mero produto no mercado do trabalho. Mas, viva o dia do trabalho!
Já há países em que alguns empresários, além dos sábados e domingos, dedicam a quarta-feira (mittwoch, que também significa metade da semana) a horas de lazer ou a tarefas domésticas como as de cuidar das coisas de casa. Se trabalharem na quarta, nada terão que fazer na quinta... Este fenômeno corrobora a tese do sociólogo francês Joffre Dumazedier, grande mentor da Sociologia do Lazer, de que as horas de trabalho, ao contrário das do período da industrialização, tenderão a diminuir na medida em que a sociedade, coletivamente, passe a usufruir de um “status” de desenvolvimento satisfatório e, também, de que férias e lazer serão tempo sagrado e inegociável. Neste contexto, inconcebível será quem ainda chegue a vender suas férias ou seu lazer.
A essa altura pode estar Pierre retornando à sua casa, na Rue Bobillot, juntamente com seus colegas, alguns deles com seguro desemprego, já no entardecer do Dia do Trabalho, de bandeiras enroladas debaixo do braço, dispersam-se pelo “arrondissement”, mas sempre assobiando ou cantarolando “L’internationale”.
Hoje, Jean Pierre deve estar no metrô da Porte d’Italie em direção ao Centro de Paris, Île-de-Cité, cantando “L’internationale”, com voz de barítono, lenço vermelho ao pescoço, com outros camaradas da Juventude Comunista Francesa, para comemorarem, nas históricas ruas da Revolução Francesa, onde se originou este evento, o Dia do Trabalho. Grande parte dos países ocidentais, com exceção dos Estados Unidos, comemoram, com manifestações, passeatas e desfiles, esta data, como sendo também o dia do trabalhador. Embora aquele que comemora talvez não trabalhe. Muitos desempregados que, desde que se tornaram profissionais, não encontraram ainda, no mercado de mão de obra, alguma vaga, qualquer oportunidade. Mendigam uma ocasião de trabalho, ao contrário de muitos, sobretudo no serviço público, que já ganharam seu espaço, estabelecidos, e não enfiam mais um prego numa barra de sabão, desinteressando-se pela prestação de serviço. Quanto aos sem emprego, injusta e cruel realidade: ter vontade e desejo de trabalhar e não encontrar onde, mesmo que o mundo esteja carente dos seus serviços. As universidades e os cursos profissionalizantes entregam, semestralmente, à sociedade milhares de jovens com o fervor idealista de como e a quem prestar seus serviços profissionais. Mas, infelizmente irão penar à procura de um emprego, apenas engrossando as fileiras do “exército de reserva”, no frisson da oferta e procura da mão de obra. É isto que acontece na economia do sistema capitalista: a má distribuição de bens afeta também o idealismo do profissional, tratando-o como um mero produto no mercado do trabalho. Mas, viva o dia do trabalho!
Já há países em que alguns empresários, além dos sábados e domingos, dedicam a quarta-feira (mittwoch, que também significa metade da semana) a horas de lazer ou a tarefas domésticas como as de cuidar das coisas de casa. Se trabalharem na quarta, nada terão que fazer na quinta... Este fenômeno corrobora a tese do sociólogo francês Joffre Dumazedier, grande mentor da Sociologia do Lazer, de que as horas de trabalho, ao contrário das do período da industrialização, tenderão a diminuir na medida em que a sociedade, coletivamente, passe a usufruir de um “status” de desenvolvimento satisfatório e, também, de que férias e lazer serão tempo sagrado e inegociável. Neste contexto, inconcebível será quem ainda chegue a vender suas férias ou seu lazer.
A essa altura pode estar Pierre retornando à sua casa, na Rue Bobillot, juntamente com seus colegas, alguns deles com seguro desemprego, já no entardecer do Dia do Trabalho, de bandeiras enroladas debaixo do braço, dispersam-se pelo “arrondissement”, mas sempre assobiando ou cantarolando “L’internationale”.