COITADA DA VACA
 
 

Quando se fala em tomar leite ao pé da vaca em uma bucólica excursão rural, a maioria das pessoas fica babando... De minha parte, detesto esse programa, passo batido, embora goste do leite, sem o qual não consigo viver. Ninguém entende, logo eu que sou capaz de trocar um jantar por uma xícara de café-com-leite...  A questão é que tenho com ele uma relação de amor e ódio que se iniciou lá na infância. Em férias na fazenda, todo santo dia era a mesma tortura: pegar o copinho e ir para o curral. Eu não gostava, o cheiro do lugar me enjoava, mas como menina obediente fazia o que mamãe mandava. Assim sendo, aquele leite espumante não descia bem... O que também me arrepiava era ver em cima do fogão o caldeirão de leite fervido cheio de nata... Até lá pelos meus dez anos tive que tomar a contragosto o famigerado café-com-leite de manhã e à tarde. A partir de então passei diariamente a dar graças a Louis Pasteur. Nunca mais fervi o leite. Tudo mudou com a pasteurização, leite sem cheiro de vaca é outra coisa! Leite gelado sem gosto de fervura é muito bom! E leite sem nata não tem preço...
 
Tenho minhas extravagâncias. Além de não suportar a nata, tampouco gostava do café recém coado misturado ao leite, que o deixava ralo. Por isso, quando adolescente, inventei a moda de guardar a sobra do cafezinho  que tomávamos após o jantar para usá-lo na refeição matinal. ‘Fazia’, então, o meu café-com-leite especial: leite sem ferver, com café frio e forte. E não o tomava na xícara, como meus irmãos, ingeria-o num copo! Até o dia em que apareceu no mercado o café solúvel. Nunca mais tomei café-com-leite. Passei a tomar leite com nescafé!
 
É engraçado o que acontece hoje em dia aqui em casa: meu marido gosta de café com leite em pó  e eu prefiro leite com café em pó...






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