"LEITINHO DO SEU ZÉ"



Nos cadernos de receita mais antigos víamos coisas como: 1 colher de pó royal, 2 latas de leite moça, 1 xícara de chocolate do frade... e todo mundo entendia. Assim como sabíamos o que era um sorriso kollynos ou isso não é uma brastemp... Tenho certeza de que para os jovens nada disso é tão evidente. Meu filho quando pequeno, decerto ouvindo nossas conversas, referia-se ao leite condensado como “leite da moça”, o que nos divertia e por isso até agora continuamos a falar assim... 
 
O leite da moça, porém, não tem nada a ver com o “leitinho do seu Zé”. Este é um caso à parte, especialíssimo, obra e arte de uma empregada, bem eficiente por sinal, que tivemos durante anos e que gostava de doces. Para suprir a falta deles (quase não consumimos), ela ‘fazia’ a sua sobremesa particular: um creminho de leite em pó misturado com Nescau diluído em pouca água. Batia bem numa xícara e se ‘deleitava’. Ela pensava que eu não sabia e eu fingia não saber. Às vezes eu comprava goiabada, bananada ou outro doce qualquer, mas ela nem tocava. Acho que gostava mesmo é daquele creminho. Por isso num vapt-vupt a lata de leite em pó acabava, sendo que a única pessoa que oficialmente o consumia era meu marido, usando apenas uma colherada no café preto da manhã... A marca usada na época era o Leite Ninho. Não sei se a moça achava difícil denominá-lo, sei é que todas as vezes que fazíamos a lista de compras, a primeira coisa que ela pedia era o “leitinho do seu Zé”...
 
Os tempos mudaram, ela não trabalha mais aqui, mas ‘seu Zé’ continua a tomar café com leite em pó, agora o Molico. Que, aliás, eu também não chamo de Molico...





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